“Macuco” leva debate ambiental ao Sesc Pinheiros

Peça aborda questão climática e ancestralidade a partir da jornada de um entregador

Macuco Foto: Noelia Nájera

Informações

  • Data de inicio e término

    17 jul até 15 ago

  • Dias da semana e horários

    de quinta a sábado, às 20h

  • Endereço

    R. Pais Leme, 195 - Pinheiros

    Ver no mapa
  • Valores

    R$ 50 (inteira) | R$ 25 (meia) | R$ 15 (Credencial Plena)

Mais detalhes

Memória, ancestralidade e resistência conduzem a trama do espetáculo “Macuco”, que estreia no dia 16 de julho, quarta-feira, às 20h, no Auditório do Sesc Pinheiros.. Na peça, Sebastião é um entregador de aplicativo que se aproxima da velhice enquanto carrega memórias que insistem em reaparecer. Um incêndio criminoso ocorrido há mais de 50 anos o forçou a deixar a vila de pescadores onde nasceu.

Em sonho, uma revoada de macucos – pássaros da Mata Atlântica ameaçados de extinção – anuncia que sua mãe, Cleide do Ilhote, está em risco por causa de um novo incêndio. A partir daí, ele inicia uma jornada de retorno à ilha onde cresceu, confrontando o apagamento de sua ancestralidade, a destruição de sua comunidade tradicional e as marcas da repressão sofrida na infância, incluindo sua relação homoafetiva com Bernardo.

Com forte preocupação socioambiental, a montagem também se destaca por reunir em sua equipe criativa artistas oriundos de diversas partes do litoral brasileiro, territórios diretamente atravessados pelas questões retratadas em cena.

“Das inúmeras urgências do nosso tempo, penso que o teatro precisa refletir os problemas socioambientais – e ‘Macuco’ discute isso a partir da destruição da Mata Atlântica e das comunidades tradicionais que ali vivem”, afirma o dramaturgo Victor Nóvoa, descendente do bairro Macuco, em Santos, que ficcionaliza memórias de seus familiares caiçaras.

A cenografia, assinada por Luiz Fernando Marques (Lubi), é marcada por um grande mastro com uma vela de barco que gira 360 graus e serve de suporte para projeções.

“Essa vela que se movimenta o tempo todo é como o próprio tempo da peça — contínuo, incontrolável, e que nos lembra que precisamos agir antes de sermos levados pela correnteza”, comenta Helena Cardoso, diretora de produção e assistente de direção do espetáculo.

A trilha, os sons do mar e o canto do macuco compõem uma ambiência sensorial que dissolve as fronteiras entre sonho e realidade. O desenho de luz é de Matheus Brant; figurinos de Rogério Romualdo; adereços de Beatriz Mendes; e automação de cenário de Djair Guilherme. A filmagem fica a cargo de Paulo Celestino.

“Macuco” reúne elementos do teatro narrativo e da experimentação audiovisual para construir uma encenação contemporânea composta por memórias pessoais e coletivas, ancestralidade e fabulação. Para Lubi, a proposta estética também é um gesto político.

“O cinema nasceu do teatro. Hoje, ele virou símbolo da era das telas — passiva, individual. Quando misturo os dois, crio atrito, falha, espaço para o público se reposicionar e reconstruir a experiência. Não quero só a atenção de quem assiste, quero a participação”, explica o diretor.

Essa fricção entre linguagens serve como metáfora para o convite coletivo que o espetáculo propõe.

“A questão climática é uma tirania do homem sobre a natureza que volta contra nós. O teatro nos permite provocar o ‘ai de mim’ coletivo, que leva à ação: quem colocamos no poder, o que valorizamos, como reagimos. Só o coletivo nos tira desse sufocamento.”

Com dramaturgia de Victor Nóvoa e direção e cenografia de Luiz Fernando Marques (Lubi), a montagem é protagonizada por Edgar Castro e Vitor Britto, e conta com a participação especial da atriz Cleide Queiroz em vídeos e direção de produção de Helena Cardoso.

  • Acessível para cadeirantes
  • $
  • Maiores de 12 anos

Dados de contato