“7 Gatinhos” está de volta ao Teatro Oficina

Mais detalhes

O Teatro Oficina retoma a montagem de “7 Gatinhos”, clássico de Nelson Rodrigues, com direção de Joana Medeiros, em nova temporada que estreia em 20 de outubro e segue até 25 de dezembro. A data de encerramento, uma noite de Natal, remete à primeira apresentação da peça no próprio Oficina, ocasião simbólica que marcou o início de uma trajetória de experimentação e reinvenção cênica.

Nesta nova versão, o espetáculo ganha contornos ainda mais radicais e performáticos, incorporando música, cinema, circo e uma espacialidade expandida, que intensificam o mergulho nas contradições e violências familiares que atravessam o texto rodriguiano. O resultado é uma encenação que provoca o público com sua força física e emocional, em meio a traições, segredos e revelações brutais.

O elenco é formado pelo grupo Virada da Encruza, composto por ex-integrantes da universidade antropófaga do Teatro Oficina, espaço que fomenta novas linguagens e criações coletivas.

A artista multimídia Jup do Bairro integra o elenco após convite de Zizi Yndio do Brasil, feito durante a temporada de “Senhora dos Afogados”, também em cartaz no mesmo período.

“7 Gatinhos é um tapa na cara”, define a equipe. “Nelson grita: nós todos somos escravos uns dos outros, abusivos uns com os outros, presos a um clima de hipocrisia e segredos inconfessáveis que transbordam.”

A peça reafirma, assim, o poder de Nelson Rodrigues em expor o lado obscuro da moral e da família brasileira, num espetáculo que promete transformar o palco do Oficina em um verdadeiro Natal rodriguiano.

Sinopse

Dona Aracy, a Gorda, e Seu Noronha, contínuo da Câmara dos Deputados, vivem num cortiço do Bixiga com suas cinco filhas. Entre silêncios, risos forçados e pequenas barganhas, o pai fecha os olhos para os rumos que cada uma toma, contanto que a engrenagem da casa continue girando.

Mas é a caçula — guardada em um colégio interno como promessa de pureza e futuro — que desmancha o equilíbrio frágil da família. Seu retorno inesperado desencadeia tensões que

transbordam os limites do lar, trazendo à tona segredos, desejos e violências que até então se escondiam nas frestas do cortiço.

A encenação percorre o fio entre farsa e tragédia, atravessada pela carpintaria do ator, pelo jogo com a bexiga e pela revanche do feminino, que explode em força bruta e lirismo. No coração do Bixiga, uma família em ruína se transforma em retrato distorcido de uma sociedade inteira.