É impossível contar a história da TV brasileira sem citar o nome do ator e diretor Fúlvio Stefanini, de 85 anos, 70 deles dedicados à carreira.
Apesar de ser um rosto muito conhecido nas telinhas da TV e do cinema, uma grande paixão — e talvez a maior —, está nos palcos.
Atualmente, ele está em cartaz no Teatro UOL, em São Paulo, com o espetáculo “O Pai”, texto do dramaturgo francês Florian Zeller, em que interpreta o protagonista André, que tem Alzheimer.
A montagem conta com a participação de seus dois filhos: enquanto Leonardo dirige a peça, Fúlvio Filho contracena com o pai, vivendo o papel de genro dele.
“Me dá uma alegria muito grande que eles estejam nesse processo de trabalho, já que estou quase no ocaso da minha carreira. Afinal de contas, estou com 85 anos”, diz o ator veterano.
“Cada um tem sua personalidade, seu jeito de fazer e atuar. Discutimos a condução do espetáculo, a concepção, porém, tudo isso é tratado de forma muito profissional”, completa Fúlvio Stefanini.
Muitos espectadores só descobrem que pai e filhos trabalham juntos depois de assistir ao espetáculo.
“Sempre há aquele momento de contato com o público. As pessoas vêm nos cumprimentar, dar parabéns e, às vezes, fazem comentários como: ‘Poxa, você e seu filho no palco, que legal, bacana!’. É sempre um feedback positivo”, diz Fúlvio (o pai).
Fulvinho (como é mais conhecido Fúlvio Filho) conta que ele e o irmão sempre acompanharam o pai nas montagens, visitando teatros, camarins e assistindo aos espetáculos das coxias (os bastidores, especialmente o espaço entre as cortinas pretas, nas laterais do palco).
“A gente não se cansava, curtia mesmo. Apesar de sermos crianças à época, nossa diversão era assistir aos espetáculos que meu pai fazia”, diz o ator.
Para Fúlvio, estar no palco com os filhos é motivo de muito orgulho, mas ele ressalta que nunca impôs que eles seguissem seus passos. Leonardo, por exemplo, formou-se em jornalismo e publicidade; já Fulvinho cursou direito.
Porém, seguindo à risca o ditado de que “fruta madura não cai longe do pé”, há anos ambos vivem de sua arte. “Foram eles que escolheram essa profissão”, afirma Fúlvio.
Relação no palco não atrapalha o almoço de domingo
Embora atuem juntos no teatro, Fúlvio Stefanini e Fulvinho garantem que a relação profissional não interfere na vida familiar.
“No teatro, somos colegas. Em casa, voltamos a ser pai e filho”, dizem.
As conversas pós-espetáculo, cheias de críticas construtivas e comentários técnicos, muitas vezes seguem para a mesa do almoço — com direito à participação da mãe, que não é atriz, mas tem opinião forte.
Para eles, a arte faz parte da rotina, mas é o afeto que sustenta tudo.
“Cada um tem sua personalidade, seu jeito de fazer e atuar. Discutimos a condução do espetáculo, a concepção, porém, tudo isso é tratado de forma muito profissional”, afirma o patriarca.
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