“O Céu da Língua” reestreia no Espaço Unimed

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No espetáculo “O Céu da Língua”, que volta ao cartaz para temporada no Espaço Unimed, Gregorio Duvivier convida o público a redescobrir o prazer das palavras em um monólogo cômico que mistura humor, filosofia e afeto pela língua portuguesa.

Com direção de Luciana Paes, o solo propõe uma viagem divertida e provocadora pelo universo da poesia e da linguagem cotidiana.

No palco, o artista é acompanhado pelo instrumentista Pedro Aune, responsável pela ambientação musical ao contrabaixo, e pelas projeções criadas por Theodora Duvivier, irmã do comediante. A cenografia leva a assinatura de Dina Salem Levy.

Luciana Paes, que estreia como diretora teatral após uma trajetória marcante na Cia. Hiato, define a montagem como um “stand-up comedy pegadinha”, em que o humor surge da observação apaixonada de Gregorio Duvivier sobre a língua e suas transformações.

“Ele pega o público distraído e ninguém resiste quando é surpreendido por alguém apaixonado”, afirma.

Sem recitar clássicos de Castro Alves ou Fernando Pessoa, o espetáculo revela a poesia escondida no cotidiano, como nas expressões populares, nas reformas ortográficas e até nas palavras que nos causam estranhamento, como “íngua”, “afta” e “seborreia”. O artista também brinca com o renascimento de termos como “irado”, “sinistro” e “brutal”, agora ressignificados pelos jovens.

Para Duvivier, a língua é algo que nos conecta, mesmo quando não percebemos.

“Usamos metáforas o tempo todo — ‘céu da boca’, ‘batata da perna’, ‘pisar em ovos’. Nessa hora, fazemos poesia sem saber”, comenta.

Além de celebrar o idioma, o espetáculo presta homenagem a Portugal, evocando poetas como Eugênio de Andrade e lembrando o projeto “Um Português e Um Brasileiro Entram no Bar”, parceria com o humorista luso Ricardo Araújo Pereira, que inspirou o novo trabalho.

Com inteligência, leveza e uma boa dose de humor, “O Céu da Língua” reafirma que a poesia — assim como a comédia — está muito mais próxima do cotidiano do que imaginamos.