As vitaminas são nutrientes essenciais para o bom funcionamento do corpo humano, pois desempenham funções importantes em processos como a produção de energia, a manutenção da densidade óssea e a proteção contra doenças.
Na internet, em sites, redes sociais e blogs de saúde, é comum encontrar pessoas promovendo a suplementação vitamínica como uma solução para quase todos os problemas físicos e mentais.
Nessas publicações, as vitaminas e os suplementos são apresentados como fontes de energia, como produtos que têm o poder de melhorar a aparência da pele e prevenir doenças, entre outros benefícios.
No entanto, boa parte dessas indicações não é apoiada em evidências científicas, e o uso de substâncias sem orientação de um profissional qualificado pode ser prejudicial para a saúde.
A suplementação vitamínica é indicada apenas em algumas situações. | Foto: iStock
Usar suplementos vitamínicos é mais complexo do que parece e demanda alguns cuidados.
Além disso, em muitos casos, a maioria das vitaminas de que nosso organismo precisa pode ser encontrada em uma alimentação saudável e equilibrada.
A real necessidade de tomar vitaminas e suplementos é um tema que gera muita discussão entre médicos, nutricionistas e outros especialistas.
Alguns defendem que elas são essenciais para manter a saúde e prevenir doenças, enquanto outros argumentam que a suplementação não é necessária para a maioria das pessoas.
Esse assunto se torna ainda mais relevante quando se sabe que o Brasil é um dos principais mercados mundiais no consumo de suplementos alimentares: de acordo com a Brasnutri (Associação Brasileira de Suplementos Alimentares), o país ocupa o 3º lugar, atrás apenas dos Estados Unidos e Austrália.
Motivos para a suplementação
A deficiência e a carência nutricional estão entre as principais motivações para a indicação de vitaminas e suplementos. “Com a orientação adequada, essas pessoas podem tornar sua nutrição mais prática e completa”, diz o médico e pesquisador Euclésio Bragança, pós-graduado em nutrição e especialista em nutrologia.
“Esses produtos também costumam ser usados por atletas e praticantes de atividade física intensa, gestantes, idosos e pessoas com restrições alimentares. Em todos os casos, é ideal sempre contar com o acompanhamento de um médico ou nutricionista ou médico”, completa.
Bragança, que também é membro do Conselho Diretor da Brasnutri, afirma que, além da correção de deficiências nutricionais, o uso de suplementos é feito com outros objetivos, como o ganho de músculos, para tratar a sarcopenia (perda de força e de massa muscular), para melhorar o suporte energético e o desempenho esportivo e para fortalecer o sistema imunológico.
“Também tomam suplementos pessoas que seguem dietas específicas, como os vegetarianos, que precisam corrigir intolerâncias alimentares (ao glúten ou lactose, por exemplo) ou déficits nutricionais decorrentes de dietas restritivas e do uso de medicamentos como o Ozempic (semaglutida) e o Mounjaro (tirzepatida) e para facilitar a dieta de quem passou por uma [cirurgia] bariátrica”.
O médico recebeu a reportagem do Viva a Cidade para falar sobre esse assunto. Ele explica o que é suplementação vitamínica, seus benefícios e contraindicações, e esclarece dúvidas sobre a necessidade de fazer esse tipo de reposição.
Leia a entrevista:
Euclésio Bragança é médico e membro do Conselho Diretor da Brasnutri. | Foto: Divulgação
- O que são suplementos alimentares?
Euclésio Bragança: A categoria de suplementos alimentares foi criada em 2018, para garantir o acesso da população a produtos seguros e de qualidade. Conforme definição da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), são produtos para ingestão oral, apresentados em várias formas, podendo ser: cápsulas, comprimidos, líquidos, pós, barras, géis, pastilhas, gomas de mascar, etc..
Conforme o próprio nome diz, eles complementam a alimentação, fornecendo nutrientes como vitaminas, minerais, proteínas, enzimas, prebióticos, probióticos, aminoácidos e fibras, entre outros.
- Quem pode tomar suplementos alimentares e nutricionais?
Bragança: Qualquer pessoa pode tomar vitaminas e suplementos, mas eles são mais indicado quem tem alguma carência nutricional ou está sujeito a um maior desgaste físico. Em todos os casos, sempre é preciso ter o acompanhamento de um profissional.
- Quais são os tipos mais comuns de suplementação?
Bragança: Os mais conhecidos são os multivitamínicos, as proteínas (como o whey protein), o Ômega-3, a creatina, BCAA (aminoácidos), fibras, probióticos, colágenos, pré-treinos e antioxidantes.
- Quais são os benefícios e os riscos de fazer suplementação?
Bragança: Esses produtos ajudam a promover a saúde geral, diminuem o risco de doenças como osteoporose e colesterol alto, aumentam a energia e a disposição, contribuem para o ganho de massa muscular e para o emagrecimento (se combinados com treino e dieta) e previnem doenças causadas por deficiência nutricional.
Entre os riscos estão: excesso de nutrientes, que é a hipervitaminose, problemas renais ou hepáticos (em casos extremos), reações adversas ou alérgicas e interações com medicamentos. Mas são riscos muito baixos.
- Como saber a quantidade certa de vitaminas que tenho de tomar?
Bragança: Fazendo um acompanhamento com nutricionista ou médico. Esses profissionais solicitam exames laboratoriais regularmente, para acompanhar as carências e a recuperação de cada pacientes. Ninguém deve se basear em recomendações genéricas da internet.
A vitamina B12 atua na formação de células sanguíneas e no funcionamento do sistema nervoso. | Foto: iStock
- O que devemos fazer para escolher o suplemento certo?
Bragança: Para isso também é preciso consultar um profissional, que vai orientar sobre as prioridades para ter uma alimentação mais equilibrada, variada e, se necessário, suplementada. Ele avalia as necessidades específicas, além de verificar a composição, a qualidade e as certificações dos produtos, que devem ser reconhecidos pela Anvisa.
- Que fatores devem ser considerados nessa escolha?
Bragança: O objetivo do uso, por exemplo, ganho de massa muscular, aumento da imunidade, foco mental, etc.; a qualidade do fabricante; se tem registro na Anvisa e considerar alergias ou intolerâncias individuais.
- É possível usar suplementos quando se toma outros medicamentos?
Bragança: Sim, mas é preciso ter cautela. É muito importante sempre informar seu médico sobre todos os suplementos que estiver tomando, para evitar interações com outros medicamentos. Por exemplo, os suplementos de ferro podem interferir na ação de antibióticos, a vitamina K pode interagir com anticoagulantes, e a cafeína e outros estimulantes pode afetar os resultados esperados dos remédios cardíacos.
- Quais são as contraindicações dos suplementos vitamínicos e como evitá-las?
Bragança: Eles são contraindicados para quem tem doenças renais ou hepáticas, hipervitaminose pré-existente, mulheres grávidas (só alguns suplementos) e crianças que não tenham necessidade comprovada.
Para evitar interações, é preciso consultar um profissional, evitar a automedicação ou o uso prolongado sem orientação, e ler rótulos e bulas com bastante atenção.
- É possível tomar vitaminas sem orientação médica? Isso é comum?
Bragança: Há um interesse crescente pelos suplementos de diversos grupos de pessoas. O mais indicado é se orientar com profissionais que conheçam bem os suplementos nutricionais, como os médicos e os nutricionistas, para evitar os efeitos colaterais indesejáveis, gastos desnecessários e complicações com outras doenças ou medicamentos.
Em alguns casos, também é importante ainda estar acompanhado por um educador físico, principalmente quando a finalidade é a suplementação esportiva para ganho de performance e desempenho.
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