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Última modificação maio 27, 2025

Soroterapia, a ‘queridinha’ da estética, tem riscos

‘Soro da beleza’ é aplicado diretamente na veia para a reposição de vitaminas, minerais e aminoácidos

Soroterapia 'Soro da beleza' tem vitaminas e nutrientes, mas oferece riscos à saúde. | Foto: Andrey Popov / iStock

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    Popular em clínicas de estética e emagrecimento e em ‘dicas’ que circulam nas redes sociais, a soroterapia é um procedimento que promete benefícios, como o aumento de energia e da disposição, o reforço da imunidade e a recuperação muscular.

    Ele vem sendo usado em tratamentos estéticos, para o embelezamento, emagrecimento e ganho de massa muscular, o que tem despertado o interesse de um público cada vez maior.

    Trata-se de uma terapia ambulatorial, também conhecida como Vitamin Drips ou ‘soro da beleza’, que consiste na aplicação intravenosa de soro enriquecido com nutrientes.

    Apesar da ampla divulgação e dos relatos positivos, é importante lembrar que a prática não é reconhecida por associações ligadas à saúde, como a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) e o Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp).

    Também não há evidências clínico científicas consistentes que comprovem a a segurança e a eficácia desse método. “A soroterapia não faz parte do rol de procedimentos médicos. A prática com fins dermatológicos carece de estudos científicos na literatura médica”, diz comunicado disponível no site da SBD.

    “Os medicamentos e nutrientes endovenosos podem ser muito úteis em casos específicos de prescrição para reposição em pacientes com deficiências. A reposição de vitaminas e minerais endovenosa deve ser realizada apenas quando o paciente não responde à reposição oral, sendo um procedimento aplicado em pacientes crônicos portadores de má absorção intestinal, além de outras condições e doenças clinicas e laboratorialmente diagnosticadas”, alerta o documento.

    Ainda segundo a entidade, o uso de doses em excesso pode ser tóxico para o organismo do paciente, causando uma série de efeitos adversos indesejáveis.

    Portanto, mesmo sendo popular, a soroterapia deve ser realizada com cautela, em situações especiais e sob orientação de profissionais qualificados.

    Para abordar o tema de forma segura, o Viva a Cidade conversou com Matheus Azevedo, médico nutrólogo, pós-graduado em medicina estética e dermatologia, que abre o jogo sobre os prós e contras desse procedimento.

    Leia a entrevista:

    Viva a Cidade: O que é a soroterapia e como ela funciona no organismo?

    Matheus Azevedo: A soroterapia consiste na infusão intravenosa de soluções contendo vitaminas, minerais, aminoácidos, antioxidantes ou medicamentos, com o objetivo de repor nutrientes e modular funções metabólicas. Ao ser aplicada diretamente na corrente sanguínea, ela evita perdas digestivas e garante absorção imediata.

    Quais são os benefícios mais comuns associados à soroterapia?

    Os benefícios são inúmeros; entre eles, podemos destacar o aumento da energia, a melhora da imunidade, o combate ao estresse oxidativo, o auxílio na recuperação muscular, hidratação intensa, suporte cognitivo e melhora na aparência da pele, cabelo e unhas. Há também protocolos específicos para detox, emagrecimento e performance física.

    Existem riscos ou efeitos colaterais que as pessoas devem estar cientes antes de fazer a soroterapia?

    Sim. Como todo procedimento médico, a soroterapia deve ser individualizada. Alguns dos principais riscos são reações alérgicas, sobrecarga renal (em pacientes com disfunção), irritações venosas ou desequilíbrios eletrolíticos, se feito sem critério.

    Para quem a soroterapia é indicada e em quais situações ela pode ser recomendada?

    É indicada para pessoas com fadiga crônica, baixa imunidade, estresse elevado, atletas, pacientes em recuperação pós cirúrgica ou em tratamento complementar de condições clínicas. Também pode ser usada para otimização de saúde em check-ups preventivos.

     

    Matheus Azevedo é médico nutrólogo | Foto: Arquivo Pessoal

    A soroterapia é um procedimento seguro e aprovado por órgãos reguladores?

    Sim, quando realizada com medicamentos e nutrientes aprovados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e aplicada por profissional capacitado. É importante que o protocolo seja prescrito com base em avaliação clínica e resultados de exames laboratoriais.

    Quanto tempo dura o efeito da soroterapia e com que frequência ela deve ser feita?

    Os efeitos variam de acordo com a composição do produto, a dose e os objetivos. Em geral, os primeiros benefícios aparecem entre 24 e 72 horas após a aplicação, e podem durar de dias a semanas. A frequência ideal depende da indicação: desde sessões únicas até protocolos semanais ou quinzenais.

    Existem diferentes tipos de soluções utilizadas na soroterapia? Como elas são escolhidas?

    Sim, existem várias formulações: energizantes, imunológicas, detox, anti-inflamatórias, rejuvenescedoras e neuroativas. A escolha é feita com base na queixa principal, na condição de saúde, em resultados de exames laboratoriais e objetivos do paciente.

    A soroterapia pode ajudar na recuperação de doenças ou apenas na melhora do bem-estar geral?

    Ela pode atuar em ambas as frentes. Pode acelerar a recuperação em casos de gripes, viroses, estresse imunológico, doenças crônicas e também ser usada para manutenção da saúde e da longevidade.

    Quais cuidados ou contraindicações devem ser considerar antes de optar por esse procedimento?

    A soroterapia é contraindicada em pacientes com insuficiência renal, distúrbios de coagulação, com alergias conhecidas aos componentes ou sem avaliação médica prévia. Gravidez, uso de anticoagulantes e doenças autoimunes exigem critérios rígidos.

    Você recomendaria a soroterapia como uma prática regular de bem-estar ou ela deve ser usada com moderação?

    Quando bem indicada e personalizada, pode ser uma aliada do bem-estar e da longevidade, mas não deve ser banalizada ou usada como substituto de hábitos saudáveis. Além disso, a avaliação clínica é indispensável.

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    Stefany Leandro

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    Stefany Leandro é jornalista e editora-chefe do Viva a Cidade.