Nesta quarta-feira, dia 21 de maio, comemora-se o Dia Internacional do Chá, uma homenagem especial para essa bebida, que está entre as mais apreciadas do mundo.
Inicialmente, em 2005, a data escolhida foi 15 de dezembro, em Nova Délhi, na Índia, com o objetivo de fomentar o desenvolvimento da indústria do chá e o bem-estar de seus trabalhadores.
Alguns anos mais tarde, em 2019, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) estabeleceu o dia 21 de maio como Dia Internacional do Chá, visando a promover o cultivo, o consumo e o comércio sustentáveis do produto.
A origem do chá
Segundo a plataforma de conhecimento sobre história World History Encyclopedia, a descoberta do chá é atribuída ao sábio indiano Bodhidharma, também conhecido como Daruma.
Ele seria o responsável por levar o chá à China, onde a bebida passou a ser consumida com regularidade. O monge também foi responsável por introduzir a seita Chan naquele país, tradição que deu origem ao Budismo Zen.
No século 2º a.C., os budistas bebiam chá como uma ajuda para meditar, para se manterem acordados durante a prática. Mas, o consumo ainda era bem restrito.
O chá só caiu no gosto da aristocracia durante a Dinastia Tang (618–907), quando a bebida ainda era bastante cara e exclusiva. Aos poucos, diplomatas, mercadores e monges viajantes levaram o hábito de consumir chá para outras regiões, espalhando a tradição pelo mundo.
A bebida se destaca por sua versatilidade, sabor e aroma inigualáveis, e conquista cada vez mais pessoas: só no Brasil, o consumo de chá aumentou 25% entre 2013 e 2020, quase o dobro da média global, segundo dados da Euromonitor International.
Além disso, o mercado mundial dos chás deve ter uma expansão de US$ 1 bilhão entre 2024 e 2028, segundo projeções da consultoria Technavio, com taxa de crescimento anual de 7,08%.
O avanço se deve à popularização de sabores premium e à preferência de consumidores jovens por produtos que combinam bem-estar, saúde e praticidade.
Outro fator fundamental para o maior sucesso da bebida foi a pandemia da Covid-19, período em que chás com propriedades calmantes, como o de camomila, entraram em cena para ajudar a população a lidar com o estresse e a ansiedade.
Chá, saúde e bem-estar
A popularidade dos chás não é algo ao acaso: ricos em antioxidantes, eles ajudam a combater os radicais livres e podem contribuir para a prevenção de doenças. Feitos à base de ervas, flores e frutas, eles podem ser tomados quentes ou frios, são ótimos aliados da saúde e do bem-estar, pois oferecem diversos benefícios a quem os consome.
“Há uma variedade de chás, como o verde, o preto, o branco e os de ervas, que têm propriedades específicas e podem ajudar na digestão, melhorar a concentração, reduzir o estresse e até auxiliar na perda de peso. Os chás naturais são superindicados para quem deseja cuidar da saúde do corpo e da mente”, diz a nutricionista Daniela Martins, da Clínica Vivare.
Os chás e seus benefícios
Dentre a variedade de sabores de chás, a maioria tem propriedades que beneficiam a saúde. | Foto: iStock
A profissional lista as propriedades e os benefícios de alguns dos chás mais comuns:
- Chá de camomila: Feito a partir das flores secas da planta Matricaria chamomilla ou Chamaemelum nobile, o chá de camomila é conhecido por seu efeito calmante. Ele ajuda a relaxar o sistema nervoso, facilitando o sono de qualidade e reduzindo o estresse. Além disso, tem propriedades anti-inflamatórias, que aliviam dores de cabeça, cólicas menstruais e dores musculares. Também é ótimo para a digestão, aliviando problemas como indigestão, náuseas e gases;
- Chá de hortelã: Preparado com as folhas frescas ou secas da planta Mentha piperita, o chá de hortelã é refrescante e beneficia o sistema digestório. Ele estimula a produção de bile, ajudando na digestão de gorduras e aliviando enjoos. Graças ao seu aroma e compostos, também combate bactérias na boca e refresca o hálito. Ainda é eficaz para aliviar dores de cabeça causadas por tensões musculares ou enxaquecas, trazendo uma sensação de alívio e bem-estar;
- Chá de gengibre: Feito a partir da raiz fresca ou seca do Zingiber officinale, o chá de gengibre é um poderoso anti-inflamatório e antioxidante, que fortalece o sistema imunológico e ajuda a combater infecções, além de reduzir inflamações internas. O gengibre também melhora a circulação sanguínea, dando mais energia ao corpo, além de ser muito utilizado para aliviar náuseas, incluindo enjoos de gravidez ou de viagens;
- Chá de erva-doce: Preparado com as sementes secas da planta Foeniculum vulgare, o chá de erva-doce tem propriedades digestivas e calmantes. Ele ajuda a aliviar gases, cólicas intestinais e problemas digestivos, além de promover o relaxamento e reduzir o estresse. Como um diurético natural, auxilia na eliminação de líquidos, diminuindo inchaços. Também é útil para aliviar tosse e congestão, promovendo uma sensação de bem-estar;
- Chá verde: Feito com as folhas jovens da planta Camellia sinensis, que não passam por oxidação, o chá verde é rico em antioxidantes chamados catequinas. Esses compostos ajudam a combater os radicais livres, retardando o envelhecimento celular. Ele também é conhecido por acelerar o metabolismo, auxiliando na perda de peso, além de melhorar a concentração e o foco, graças à cafeína. O chá verde ainda protege o coração, ajudando a reduzir o risco de doenças cardiovasculares;
- Chá de hibisco: Preparado com as flores secas da planta Hibiscus sabdariffa, o chá de hibisco é uma excelente fonte de antioxidantes, tem propriedades diuréticas e Ele ajuda a reduzir a pressão arterial, promovendo a saúde cardiovascular. Também combate os radicais livres, o que retarda o envelhecimento celular, e pode auxiliar na perda de peso, por acelerar o metabolismo. Com sabor vibrante, é uma ótima escolha para quem busca bem-estar natural.
- Chá preto: Feito a partir das folhas fermentadas da planta Camellia sinensis, o chá preto tem sabor forte e encorpado. Ele contém cafeína, que ajuda a aumentar a energia e a melhorar o foco. Além disso, é rico em antioxidantes, que contribuem para a saúde cardiovascular, ajudando a reduzir o risco de doenças do coração. O consumo moderado também favorece a circulação sanguínea, diminuindo o risco de doenças cardiovasculares.
Consumo moderado é o segredo
Apesar de os chás apresentarem tantas vantagens, o melhor é não exagerar, para evitar efeitos colaterais desagradáveis, alerta a nutricionista.
“Como tudo na vida, eles também devem ser consumidos com moderação. Isso porque, embora sejam naturais e benéficos, alguns têm compostos como cafeína, taninos e outros ingredientes que, em excesso, podem causar efeitos indesejados, como insônia, irritação estomacal ou aumento da ansiedade. Além disso, o consumo excessivo de certos chás pode interferir na absorção de minerais importantes, como ferro, ou até mesmo causar problemas de saúde em pessoas sensíveis a determinados componentes. Portanto, o equilíbrio é fundamental para aproveitar os benefícios dos chás de forma segura e saudável”, aconselha.
Daniela também sugere que seja dada preferência para as versões não industrializadas, evitando o uso do produto em sachês, vendidos nos supermercados.
“Os chás de ‘saquinho’ geralmente passam por processos de industrialização, o que pode afetar a qualidade e a quantidade de compostos benéficos presentes. Muitas vezes, eles contêm ingredientes de qualidade variável, e alguns podem ter aditivos, aromatizantes ou conservantes. Já os chás naturais, feitos a partir de folhas, flores ou ervas frescas ou secas, costumam manter as propriedades originais das plantas, oferecendo um sabor mais intenso e uma maior concentração de nutrientes. Então, mesmo os chás de sachê sendo mais práticos e convenientes, os naturais proporcionam uma experiência potencialmente mais benéfica para a saúde”, comenta.
Uma bebida democrática
Chás de ervas suaves são os mais recomendados para bebês e crianças. | Foto: iStock
Outra vantagem do chá é ser uma bebida democrática, que atende a diferentes gostos e pode ser consumido por pessoas de todas as idades, inclusive bebês e crianças. No entanto, é importante lembrar que podem conter cafeína ou outras substâncias que não são ideais para os pequenos, especialmente em grandes quantidades.
“O mais recomendado é o uso de chás de ervas suaves, como a camomila, a hortelã ou a cidreira, que são seguros e podem ajudar a acalmar ou aliviar desconfortos leves. Entretanto, é sempre importante consultar um pediatra antes de introduzir qualquer chá na alimentação da criança, especialmente se ela tiver alguma condição especial de saúde ou estiver tomando medicamentos”, diz a nutricionista.
Ela afirma que chás com cafeína, como o chá preto, chá verde ou chá mate, devem ser evitados para os pequenos, pois essa substância pode afetar o sono, causar agitação e outros efeitos indesejados.
“Além disso, chás de ervas que não são bem conhecidos ou que podem ter efeitos estimulantes ou sedativos fortes, também devem ser evitados. Sempre prepare os chás de forma bem diluída e sem açúcar, para garantir que sejam seguros e agradáveis para as crianças”, complementa.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), os bebês só podem consumir chá após os seis meses de idade, quando é iniciada a introdução de outros alimentos na dieta. Antes desse período, recomenda-se o aleitamento materno exclusivo.
Como preparar o chá?
Um chá pode ser feito de diferentes maneiras, e o modo de preparo da bebida pode influenciar bastante no resultado final, tanto no sabor quanto nos benefícios.
A temperatura da água, o tempo de infusão e a quantidade de folhas ou sachês utilizados podem afetar a concentração de compostos benéficos, como antioxidantes, vitaminas e outros ingredientes ativos.
“Uma infusão muito rápida pode não extrair todos os nutrientes, mas deixar o chá em infusão por muito tempo pode liberar compostos que, em excesso, causam desconforto ou efeitos indesejados. Além disso, usar água quente demais pode destruir alguns componentes sensíveis ao calor. Portanto, seguir as recomendações de preparo ajuda a aproveitar ao máximo os benefícios do chá, de forma segura e eficaz”, explica a nutricionista.
Conheça diferentes modos de preparo:
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