Voltar Gastronomia e Receitas
Última modificação setembro 30, 2024

Flávio Miyamura e seu caminho afetivo até a panela

Chef conta sua trajetória até se tornar dono do restaurante Miya Wine Bar.

Flávio Miyamura

Cadastre-se na Newsletter

    Assim como na história de João e Maria, em que o pão foi uma das formas de marcar um caminho para voltar para casa, o Chef de cozinha Flavio Miyamura também constrói a sua estrada através da afetividade que criou pelo alimento com as inspirações nascidas na cozinha e na companhia de sua avó.

    “Por volta dos 14 ou 15 anos, minha avó materna ficou doente, então, quando eu chegava da escola, cuidava dela por um período. Foi ali que precisei aprender a cozinhar algo quando sentia fome, mas também vi com ela algumas receitas, também foi a época que assistíamos juntos programas de culinária, era o começo do Jamie Oliver aqui no Brasil. Após isso tudo fui para a faculdade de gastronomia”, conta o Chef.

    E, anos depois, após experiências, dentro e fora do Brasil, trabalhando com outros grandes nomes da culinária, como Alex Atala, no D.O.M., e o Eñe, dos catalães Sergio e Javier Torres, Flavio, está no comando de três restaurantes, Rico Parrilla, Miya Wine Bar e o catering de eventos Miya Casa, além de ensinar um pouco sobre suas técnicas no programa “Hashi” no canal Sabor & Arte, onde o telespectador é conduzido a uma viagem pela culinária asiática.

    Mas, o que poucos imaginam, é que em casa de cozinheiro, mal se usa o fogão: “Em casa, como tudo o que pode ser feito no máximo em duas panelas para não sujar muita louça. Nas lojas, experimento os pratos, porque não tem como saber se está bom se você não provar, então em casa precisa ter outras opções, rápidas e diferentes, a gente vai enjoando da nossa comida”.

    Seu restaurante, Miya Wine Bar, esteve por três anos consecutivos (2015, 2016 e 2017) na seleção do Guia Michelin com uma estrela. Um restaurante contemporâneo, com uma carta de vinhos bem selecionada e com mais de cem rótulos disponíveis, que acompanham aperitivos diversos, assim como pratos quentes variados em ingredientes e combinações.

    Flávio Miyamura

    Miya Wine Bar: O palco dos vinhos e o show da culinária

    Em duas unidades pungentes de alta gastronomia em São Paulo, Pinheiros e Campo Belo, seus estabelecimentos são destinados a quem deseja experimentar ambientes perfeitos para sentar num dia quente e ensolarado, mas também ótimos para dias de frio, já que o cardápio de vinhos e ótimos pratos quentes não deixa nenhuma estação impedida de degustar.

    Para grandes grupos que prefiram experiências mais reservadas, as unidades abrigam a loja de vinhos Grand Cru, com sala aconchegante para até 10 pessoas e bem arejada. O menu é ideal para todos os gostos, para quem come ou não carne, mas, principalmente, para quem quer se surpreender com harmonizações diferentes e especiais, tudo isso entre uma taça e outra e um atendimento que faz querer voltar.

    As opções de vinho em taça são muitas, com valores que começam em R$ 22,00. Lá você pode degustar, por exemplo, o premiado tinto Zuccardi Finca Piedra Infinita Gravascal 2018: “O cardápio do Myia Wine Bar sempre foi pensado pela loja de vinhos. A gente tem a parte para compartilhar muito maior do que em pratos principais, o conceito veio antes do cardápio. A gente queria abrir um wine bar dentro de uma loja de vinhos, o que nos deixa aberto ao conceito de comida para acompanhar os produtos”, explica.

    Flávio Miyamura

    Wine Flight e suas harmonizações

    Um grande diferencial do Miya Wine Bar são as opções de harmonização, onde você pode escolher por algumas opções de Wine Flight harmonizados: Wine Flight Harmonizado Volta ao Mundo, Wine Flight Viagem ao Velho Mundo e Wine Flight Malbecs de Mendoza. Todas possuem degustação de 50 ml de vinhos e espumantes variados, algumas delas com harmonização de petiscos assinados pelo Chef Flavio.

    Essa mistura de ingredientes e curiosidade por harmonização é o que dá o tom do seu estilo: “Conhecia alguns ingredientes que não via nos restaurantes, por exemplo, o furikake, muito usado pelas mães japonesas nas refeições das crianças. Fiz também uma sobremesa com wasabi. Era um flan de maracujá com espuma doce de wasabi; fiz arroz doce com feijão azuki. Foram brincadeiras para fugir da tradicionalidade, assim fui criando um estilo. A tostada de milho, por exemplo, tem uma influência mexicana e asiática. Minha identidade nasceu da busca por aumentar o leque de ingredientes na cozinha”, observa Flavio.

    E assim foi criado um cardápio imperdível. Uma das mais queridas, inclusive pelo Chef, é a tostada de milho, que leva atum marinado, maionese de wasabi e saladinha de algas, perfeita combinação usada para harmonizar com espumante, em uma das experiências.

    A cozinha surpreendeu em todos os sentidos o Chef, que gostou do barulho, da correria e tudo o que o atendimento e o ofício de cozinhar apresenta: “No começo da carreira é muito difícil porque, durante a faculdade, você tem aulas práticas onde você faz duas ou três receitas em 4 horas, mas em uma cozinha profissional, você atende 100 pessoas em 4 horas. A minha culinária veio de uma história da cultura europeia, principalmente da Espanha e França; também tive muitas influências dos lugares que passei, até que decidi abrir o meu restaurante com 27 anos. Ali, quis fugir das gastronomias que eu estava, para que não achassem que era uma continuação”.

    Ana Carla Dias

    6 publicações

    Ana Carla Dias (@anacarladiass) é jornalista (MTB 0013008/PR ), roteirista de cultura e jornalista gastronômica pelo Viva a Cidade