Peça “Copo Vazio” estreia no Teatro Itália

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A peça “Copo Vazio”, que estreia no Teatro Itália no dia 1º de abril, é uma adaptação do livro homônimo (Editora Todavia), lançado em 2021, pela psiquiatra e escritora brasileira Natalia Timerman.

O romance fala sobre a questão do abandono, a partir de uma perspectiva contemporânea. Apesar de ser uma obra de ficção, a história é baseada na experiência da própria autora com um ghosting (termo que descreve o término repentino de um relacionamento, sem quaisquer explicações ou aviso).

Para trazer o livro para o universo do teatro, a dramaturga Angela Ribeiro coloca em cena uma atriz e um ator. Eles tentam reconstruir a trajetória de Mirela e Pedro, personagens do romance, que viveram um intenso relacionamento por três meses, até o rapaz sumir de maneira repentina.

A narrativa explora o ponto de vista de Mirela, uma mulher inteligente e bem-sucedida, que acaba submergida em afetos perturbadores ao se apaixonar e, depois, ser abandonada por Pedro.

“Pedro desaparece da vida de Mirela sem nenhum motivo aparente, e ela precisa lidar com esse sentimento, que é pior do que uma simples rejeição. Vemos uma mulher angustiada, buscando nas suas memórias algum sinal de que tenha cometido um erro durante a relação. A vida dela vai acontecendo, e ela está sempre às voltas com esse fantasma”, conta Carolina Haddad, idealizadora da adaptação, que vive a protagonista no palco.

Com direção de Bruno Perillo, o espetáculo reflete sobre a necessidade da responsabilidade afetiva nos relacionamentos. Enquanto o livro tem como foco a vulnerabilidade da protagonista, na peça, os atores recriam a história do casal, levantando questionamentos sobre os personagens do livro. Dessa forma, a encenação convida a uma discussão coletiva sobre a superficialidade dos relacionamentos contemporâneos.

O trabalho suscita uma série de questionamentos, entre eles: será que o medo de sofrer está impedindo as pessoas de apostarem no amor? Ou o ser humano está mais solitário, uma vez que é, de certa forma, refém do mundo virtual?

A peça não se propõe a trazer respostas exatas, já que os responsáveis pela adaptação consideram que amar é se colocar em risco, não uma simples teoria.

“Nosso foco é mostrar para as pessoas que ter responsabilidade afetiva é o básico para qualquer relacionamento. Somos seres dotados de sentimentos e não podemos perder a empatia. Afinal, as pessoas podem estar lidando com situações que nem imaginamos, e simplesmente sumir da vida de alguém, como acontece na história, pode disparar gatilhos bem ruins”, defende Carolina.

A peça fica em temporada no Teatro Itália até 30 de abril, com sessões às terças e quartas-feiras, às 20h. Nos dias 29 e 30 de abril, após as sessões, haverá um bate-papo com a escritora Natalia Timerman e o elenco.

Sobre a encenação

Do ponto de vista narrativo, a peça é estruturada sem uma ordem cronológica, o que também acontece no romance. Presente, passado e futuro se misturam a todo o momento, conduzindo a plateia a um labirinto de sensações vertiginosas, como se Mirela de fato tivesse sido lançada num abismo.

Para dar conta de toda essa complexidade, os intérpretes Carolina Haddad e Jorge Guerreiro alternam a interpretação dos personagens com momentos em que são a atriz e o ator, discutindo sobre as ações de cada um na história. E, algumas vezes, seus corpos estão em um tempo, e suas vozes, em outro.

O espetáculo é metalinguístico e faz uso de recursos como vídeo-projeções mapeadas, trilha sonora, canto, dança, elementos cenográficos e iluminação, para multiplicar os planos de percepção do público.

“Quisemos transportar o tom da prosa poética da narrativa original para os palcos”, diz Perillo.

Sinopse

A partir da obra homônima de Natalia Timerman, a peça “Copo Vazio” coloca em cena uma atriz e um ator ensaiando e refletindo sobre seus personagens, Mirela e Pedro. O tema que perpassa a obra é a responsabilidade afetiva nos relacionamentos contemporâneos, pois Pedro desaparece da vida da Mirela após três meses de intenso relacionamento, num fenômeno caracterizado nos dias atuais como ghosting.