“Pa’ra – Rio de Memórias” estreia no Sesc Consolação

Peça é inspirada na cosmovisão Sateré-Mawé e aborda os direitos das crianças indígenas

Pa'ra - rio de memórias Foto: Ethel Braga

Informações

  • Data de inicio e término

    15 mar até 10 maio

  • Dias da semana e horários

    Sábados, às 11h | Dia 01/05, quinta, às 11h

  • Endereço

    Rua Dr. Vila Nova, 245, Vila Buarque

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  • Valores

    R$ 40,00 (inteira) | R$ 20,00 (meia) | R$ 12,00 (credencial plena) | Crianças até 12 anos não pagam.

Mais detalhes

Com direção de Marina Esteves e dramaturgia de Idylla Silmarovi e Lenise Oliveira, esta também responsável pela atuação, o espetáculo infantil indígena “Pa’ra – Rio de Memórias” conflui as memórias de infância da atriz no Jurunas – uma das maiores periferias de Belém (PA) – com a cosmovisão de seu povo, os Sateré-Mawé.

Quando se mudou para São Paulo, em 2021, Lenise precisou lidar com várias formas de violência, como a discriminação social, a desvalorização dos seus saberes e um processo de “aculturação” forçada.

Por isso, “Pa’ra – Rio de Memórias” faz um resgate ancestral. Na trama, uma criança indígena chamada Dalú é obrigada a deixar o território do seu povo, em Mairi (Belém do Pará), e migrar com a mãe para a periferia de um grande centro urbano, Nhe’e ry (São Paulo). Nesse novo local, elas enfrentam muitos desafios, como o preconceito e a truculência policial.

Quando o pior acontece e a casa das duas é invadida, a menina clama por seus ancestrais e embarca em uma viagem em busca das riquezas do seu povo – tudo ao lado dos seus melhores amigos boldo, alecrim e capim cidreira. Nesse mundo, o rio das memórias, a protagonista escuta os conselhos da natureza, onde os vivos não se distanciam dos encantados e dos seus ensinamentos.

Sobre o espetáculo

“Pa’ra – Rio de Memórias” está estruturado em três eixos: infância, corpo e territorialidade. Segundo Lenise, o aspecto mais importante da montagem é debater os direitos das crianças indígenas no contexto urbano.

“A educação nas comunidades indígenas, por exemplo, deve ser bilíngue e intercultural, respeitando as tradições e os idiomas nativos. No entanto, o sistema educacional brasileiro, em muitos casos, falha em promover esse tipo de educação. O que resulta em um processo de alienação cultural, em que as crianças indígenas são forçadas a se adaptar a uma cultura dominante. Muitas precisam sair do território para estudar na cidade e enfrentam todo tipo de violência”, comenta a idealizadora.

Para dar conta dessas questões, as artistas fugiram dos estereótipos. Por isso, elementos como penas e pinturas corporais não foram incluídos na encenação.

O espetáculo combina a estética afro-minimalista, presente na pesquisa de Marina Esteves, com a imersão na cultura Sateré-Mawé e paraense, desenvolvida pela atriz e idealizadora Lenise Oliveira. Fugindo das representações coloniais dos povos originários, a direção adota uma paleta vibrante de vermelho, azul e marrom para compor a identidade visual da obra.

Na trama, Dalú embarca em uma jornada lúdica por um mundo imaginário, onde encontra seres que simbolizam figuras importantes para a população indígena, cada um carregando histórias e ensinamentos essenciais.

“Partindo do conceito de ressignificação dos objetos, chegamos aos bancos de Pajé, que, ao longo da narrativa, se transformam em animais, guarda-chuvas, cidades e tudo o mais que precisarmos”, explica Marina.

A trilha sonora, criada exclusivamente para a obra, tem assinatura de Dani Nega, que se inspirou nas sonoridades típicas do Pará. Dessa forma, a musicalidade Sateré-Mawé se mistura ao brega e ao techno brega das aparelhagens.

Por todos esses elementos, “Pa’ra – Rio de Memórias” também converte-se em um espaço de resistência cultural onde as tradições indígenas são celebradas e reimaginadas. Nesse processo, o público é convidado a refletir sobre suas próprias identidades em um mundo que frequentemente tenta apagá-las.

A peça é um desdobramento do projeto “Perspectivas Indígenas em Cena”, que foi contemplado pelo programa Funarte Retomada 2023 – Teatro, e contou com o apoio do Museu das Culturas Indígenas.

Sinopse

“Pa’ra – Rio de Memórias” conta a trajetória de Dalú, uma menina indígena do povo Sateré-Mawé que é levada a uma viagem ao mundo dos ancestrais para retomar as riquezas de seu povo e ajudar a sua família a lidar com conflitos territoriais na cidade grande. Ao se encontrar com encantados e antepassados, a peça convida o público a navegar por esse rio de memórias e dialogar em torno das infâncias indígenas dentro e fora das aldeias.

  • Acessível para cadeirantes
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  • Livre para todas as idades

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