“Onde Vivem os Bárbaros” faz apresentações gratuitas

Espetáculo propõe reflexão sobre a importância da democracia e o real exercício da cidadania

Onde Vivem os Bárbaros Foto: Matheus Brant

Informações

  • Data de inicio e término

    18 abr até 20 abr

  • Dias da semana e horários

    Sexta e sábado, às 21h | Domingo, às 19h

  • Endereço

    Av. Adolfo Pinheiro, 765 - Santo Amaro

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  • Valores

    Grátis (ingressos na bilheteria 01h antes do início das sessões)

Mais detalhes

Em uma reflexão crua e irônica sobre as ideias de civilização e barbárie, o Coletivo Labirinto estreou, em 2022, “Onde Vivem os Bárbaros”, peça dirigida por Wallyson Mota, com dramaturgia de Pablo Manzi.

Agora, o espetáculo volta à cidade, com novas apresentações nos teatros da prefeitura de São Paulo, a partir de abril. Ao longo deste semestre, a montagem percorrerá todas as regiões da cidade, começando pelo Teatro Paulo Eiró, de 18 a 20 de abril.

Em cena, estão Abel Xavier, Carol Vidotti, Ernani Sanchez, Ton Ribeiro e Wallyson Mota. Eles contam a história de três primos que, depois de vários anos sem se ver, decidem se encontrar no Chile, em 2015.

O anfitrião é diretor de uma ONG, reconhecida por promover ações em zonas de conflito, em favor do estabelecimento da democracia. De repente, ele se vê envolvido no estranho homicídio de uma jovem ligada a movimentos neonazistas.

O fato desencadeia atitudes inesperadas das personagens, motivando discussões sobre como cada pessoa constrói uma ideia própria das demais, e isso deflagra diferentes formas de violência entre os convidados.

“A obra apresenta uma sociedade que busca respostas rápidas para assuntos complexos, mesmo que para isso se arrisque pelo terreno das injustiças. Essa sociedade se expressa por gestos inequívocos de silenciamento de tudo o que difere e si, que é entendido, então, como um inimigo”, conta o diretor Wallyson Mota.

“Onde Vivem os Bárbaros” aborda um processo social de esfarelamento das democracias, através de silenciamentos e manifestações de violência.

De acordo com o encenador, através de uma situação ficcional, o espetáculo promove uma espécie de assembleia, uma ágora contemporânea, com vários pontos sobre a vivência política, social, histórica e, até mesmo, filosófica.

“A ideia de que um tipo de assembleia pode surgir ao redor da narrativa só é possível, em sua plenitude, no teatro. Esse é um espaço de comunhão, um lugar onde uma coletividade se agrupa ao redor de algo ou de uma ideia, onde podemos compartilhar sensações, pensamentos e emoções através da simples presença dos corpos”, acrescenta Mota.

Ele conta que a peça é dividida em três partes: a primeira é um prólogo, e se passa na Grécia no século 5º a.C.; a segunda tem o Chile de 2015 como cenário; e a terceira mostra o Brasil de 2022.

O primeiro momento é da época conhecida como o berço da civilização ocidental e do pensamento democrático. Na segunda parte do espetáculo, destacam-se situações que questionam a mesma democracia, a partir da noção de decolonialidade.

O último momento volta ao Brasil, quando o país viu graves ameaças às instituições democráticas e à liberdade do pensamento dissonante, durante as eleições presidenciais e parlamentares daquele ano.

Escrita no Chile, a peça apresenta uma ampla base de reflexão sobre pontos importantes do percurso social, como a normalização e a validação da violência em contextos supostamente democráticos. Além disso, o texto traz uma oportuna reflexão sobre o arquétipo do bárbaro.

“Bárbaro é aquele que não é cidadão. Por esse viés, é o que está à margem, fora das premissas civilizatórias, o que é visto como bruto, sujo, selvagem. É o que não habita a polis, o que não tem direito de exercer ação sobre o Estado instituído. Mas o que seria uma sociedade civilizada e o que seria uma sociedade bárbara? Acredito que o ponto que mais nos interessa em tudo isso é: quem pode ocupar os espaços de uma pressuposta cidadania hoje? Quem sempre ocupou esses lugares e quem continua sendo apartado(a) deles?”, questiona o encenador.

Mota conta que a proposta do grupo não tem o objetivo de desmoralizar a democracia:

“Queremos falar sobre o entendimento total de sua importância e da constatação de que ela só existe de fato quando as mais diversas pessoas _ seja pelo recorte de classe, raça ou gênero_ podem usufruir de suas benesses e interferir no seu funcionamento. A democracia só existe quando é praticada por todos os setores da sociedade. Por isso, ela é um exercício coletivo e público, que deve ser praticado e desenvolvido a todo instante, para que não deixe de existir.”

As novas sessões de “Onde Vivem os Bárbaros” integram o projeto “Pés-coração: a América Latina como caminho”, em que o coletivo Labirinto celebra as pesquisas realizadas sobre a dramaturgia latino-americana contemporânea.

As atividades foram viabilizadas pelo Programa Municipal de Fomento ao Teatro para a Cidade de São Paulo – Edição 43. Além de garantir a circulação do espetáculo, o projeto abarca leituras encenadas e laboratórios de criação, que serão desenvolvidos ao longo de 2025.

Sobre o Coletivo Labirinto

Fundado em 2013, o Coletivo Labirinto é um núcleo de pesquisa e criação cênica formado por artistas que transitam entre direção, atuação, performance e produção, a fim de investigar as relações das pessoas com seu panorama social, através da dramaturgia latino-americana contemporânea.

Entre os trabalhos do grupo, estão “Sem Título” (2014), “Argumento Contra a Existência de Vida Inteligente no Cone Sul” (2019), “Onde Vivem os Bárbaros” (2021/2022) e “Mirar: Quando os Olhos se Levantam” (2022).

  • Acessível para cadeirantes
  • Gratuito
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