Mostra “Todos os Gêneros” é destaque no Itaú Cultural

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O Itaú Cultural realiza a 12ª edição de “Todos os Gêneros: Mostra de Artes e Pluralidades”, programação tradicional da instituição que dá luz à cultura LGBTQIAPN+. Com o tema “Qual o peso (da falta) do amor?”, o evento convida o público a refletir sobre este sentimento como potência de afeto, resistência e transformação. A programação vai do teatro, dança e música a debates, ocupando diferentes espaços da instituição. No final, se expande para uma festa no Bixiga, território cultural emblemático da capital paulista.

A edição de 2025 da mostra “Todos os Gêneros” começa no dia 24 (terça-feira), às 20h, na Sala Itaú Cultural, com o espetáculo “Meu Corpo Está Aqui”, sobre vivências afetivas e corporais de atrizes e atores PCDs (pessoas com deficiência). No palco, o elenco composto por Bruno Ramos, Juliana Caldas, Rafa Muller e Pedro Henrique França fala abertamente sobre seus relacionamentos, seus corpos e seus desejos.

Embora o espetáculo seja baseado em fatos, a ficção também se faz presente, uma vez que o público se conecta com as semelhanças que identificam nos personagens, mas que são encobertas por preconceitos e pela falta de conhecimento. A direção é assinada em parceria por Clara Kutner e Julia Spadaccini.

Na quarta-feira, 25, também às 20h, é a vez de Gêde Lima subir ao palco da Sala Itaú Cultural com o show “Samba do Gêde”, uma roda que entrelaça tradição, política e som. A apresentação convida o público a sentir o samba como território de pertencimento e celebração das diferenças, com releituras de clássicos, cantigas populares e composições autorais que abordam o cotidiano, a ancestralidade e os afetos.

O repertório é composto pelo partido alto, o pagode e o estilo marcante dos sambas carioca e paulista. Gêde também se conecta ao ijexá de matriz afro-brasileira, ao côco nordestino, ao samba de roda do Recôncavo Baiano e ao samba duro coreografado, convidando o público a dançar.

Quinta-feira, 26, é o dia do coletivo amazonense Ateliê 23 apresentar “Sebastião”, espetáculo contemplado pelo programa Rumos Itaú Cultural 2023-2024, inspirado na obra “Um Bar Chamado Patrícia”, de Bosco Fonseca. Em cena, sete drag queens encenam o mito de São Sebastião, como metáfora de resistência e liberdade, resgatando a memória do primeiro bar LGBT de Manaus, aberto durante a ditadura militar.

Nos anos de 1970, o Bar Patrícia se transformou em um espaço ícone por ser o primeiro refúgio gay de Manaus, mesmo em meio ao sistema de opressão que vigorava à época. Em ‘Sebastião’, inédito em São Paulo, o Bar Patrícia faz a metáfora de um local a ser habitado pelas drag queens, para que elas construam suas narrativas, compartilhadas com o público por meio de músicas, textos, danças e outras performances.

A sexta-feira, dia 27, reserva duas atividades dentro de “Todos os Gêneros”. Às 18h, no Espaço Multiúso, a literatura contemporânea norteia a mesa “A Ficção Suporta Todo o Peso (Falta) do Amor?” reunindo a poeta Angélica Freitas e o babalorixá, poeta, artista e tradutor floresta, com mediação do escritor, poeta, ator e professor de poesia Febraro de Oliveira.

Na conversa, eles compartilham pensamentos, estéticas e afetos em torno do amor presente e ausente, tendo a ficção literária como um espaço de invenção e resistência, onde os sentimentos dissidentes ganham corpo e voz. A proposta é fazer uma escuta sensível às experiências que atravessam os fazeres literários e poéticos dos convidados, revelando como suas obras tensionam narrativas normativas.

A programação do dia é encerrada com a apresentação do aclamado “Manifesto Transpofágico”, espetáculo da atriz Renata Carvalho, às 20h, na Sala Itaú Cultural. Em cena, a artista narra a história de seu próprio corpo, se alimentando da sua transcestralidade.

Em um primeiro momento do espetáculo, Renata apresenta o corpo travesti e as construções que rodeiam corpos trans/travestis. Em um segundo, ela se integra à plateia para uma conversa que expõe questionamentos pessoais e temas como cisgeneridade, passabilidade e terminologias, entre outros, lançando a questão: “alguém tem alguma pergunta de qualquer ordem?”

Poesia falada, música e festa

No sábado, 28, a programação começa às 15h com a mesa “Amar é…”, que propõe uma reflexão sobre o amor em suas dimensões política, subjetiva, comunitária e romântica. Participam do encontro a dramaturga, diretora teatral, poeta e professora Ave Terrena; o roteirista, dramaturgo e ator Daniel Veiga; a ativista indígena Guarani, escritora e psicóloga Geni Núñez; e a cineasta, poeta, jornalista e ativista da saúde mental e sexual da mulher Marina Vergueiro. A mediação é da jornalista Adriana Ferreira Silva.

Às 18h, o Slam Dengoso chega à Sala Itaú Cultural com poesia falada e performance, reunindo poetas como poetas Bololo, Fernaun, Malokeko, Leo Aguiar, Lucão Poeta, Midria, NYCA e Vic Sales, e participação, ainda, do DJ Tayan. O encontro é conduzido pelos slammasters Santos Drummond e Tawane Theodoro, e gira em torno do amor como fio poético e político.

Além da performance, o Slam Dengoso exige atenção e sensibilidade do público, que é convocado a dar notas aos poemas. Nesta edição especial, os convidados falam sobre tesão e paixão em um ambiente dominado por outros temas, reivindicando mais espaço para se falar de amor nas rodas de slam.

Ainda no sábado, às 22h, esta edição de “Todos os Gêneros” expande a sua programação para além da sede do Itaú Cultural e chega à Casa Farofa, no Bixiga, com a festa batizada com o nome da mostra. O evento tem apresentação da drag queen Thelores, discotecagem de DJ Obá, Jéssica Caitano e DJ Txalira, e uma mescla de música, performance e celebração.

A mostra encerra no domingo, dia 29, às 19h, na Sala Itaú Cultural com o espetáculo musical “Autópsia – Parte 1”, do artista cearense Getúlio Abelha. Com sua fusão de música e teatro, cria um show performático, envolvendo o público de forma divertida, acompanhado, ainda, por dançarines que amplificam a proposta cênica.

Abelha leva ao palco uma sonoridade influenciada pela música difundida nas regiões Norte e Nordeste, como brega e forró, fazendo uma fusão destes com o pop e o eletrônico. Suas composições exploram temas como o cotidiano, as dinâmicas de poder e os comportamentos sociais, sempre com uma abordagem crítica e irônica.

Toda a programação é gratuita e a retirada dos ingressos para a mostra acontece em diferentes formatos, de acordo com as atividades. Para a festa que o Itaú Cultural realiza na Casa Farofa, as reservas devem ser feitas por meio do perfil do espaço na Sympla.

Já no Itaú Cultural, os ingressos para as atividades que acontecem no Espaço Multiúso devem ser retirados com 1 hora de antecedência, na bilheteria do IC. E para as que acontecem na Sala Itaú Cultural, devem ser reservados a partir das 12h da terça-feira da semana de apresentação dos espetáculos, pela plataforma INTI – acesso pelo site do Itaú Cultural www.itaucultural.org.br (indicamos a modalidade para cada caso na programação atachada).