Mostra Internacional de Teatro chega a São Paulo

10ª Edição da "Mostra Internacional de Teatro de São Paulo" traz espetáculos para vários locais da cidade

MITsp - Mostra Internacional de Teatro de São Paulo Vagabundus/ Foto: Mariano Silva

Informações

  • Data de inicio e término

    13 mar até 23 mar

  • Dias da semana e horários

    Confira os dias e horários na programação da MITsp.

Mais detalhes

A “MITsp – Mostra Internacional de Teatro de São Paulo” realiza sua décima edição em 2025 entre os dias 13 e 23 de março, ocupando diversos espaços e teatros da cidade de São Paulo. A programação conta com uma abertura de processo e quatro espetáculos internacionais, uma estreia nacional, nove obras na MITbr – Plataforma Brasil, dois grupos convidados e uma diversa grade de oficinas, debates e conversas ao longo desses onze dias.

O evento também homenageia o artista brasileiro Antonio Nóbrega. O espetáculo “Vagabundus”, de Idio Chichava – com inspiração no ritual de dança do povo Makonde, que vive em Moçambique e países vizinhos – faz a abertura dia 13 de março, no Teatro do Sesi – SP (Av. Paulista, 1313, Jardins, São Paulo, SP).

Em 2025, a “MITsp” tem apresentação do Ministério da Cultura e Redecard, copatrocínio do IBT – Instituto Brasileiro de Teatro e apoio cultural La Serenissima e FUNARTE. A mostra tem correalização do Consulado Geral da França em São Paulo, Instituto Francês e Instituto Goethe.

A realização do evento é da Olhares Instituto Cultural, ECUM Central de Produção, Itaú Cultural, Sesc SP, Sesi SP, Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo e Ministério da Cultura – Governo Federal. O projeto é incentivado pela Lei Federal de Incentivo à Cultura – Lei Rouanet.

Ao celebrar a décima edição, os idealizadores da Mostra, Antonio Araujo (diretor artístico) e Guilherme Marques (diretor geral de produção) mantêm o propósito de trazer ao público obras com temas e linguagens inovadores e provocativos. A direção institucional fica a cargo do ator e gestor cultural Rafael Steinhauser.

A “MITsp” surgiu ocupando espaço deixado pelo fim do histórico festival de teatro criado e coordenado por Ruth Escobar.

“Esse festival, durante anos, foi importante não apenas para a cena paulistana, mas porque se tornou referência para artistas, teóricos, pesquisadores e curadores de todo o país. Desde a primeira edição, nos inspiramos nessa potência de troca e discussões, trouxemos diretores/as, artistas, pesquisadores/as e pensadores/as de inúmeros países, a grande parte inéditos no Brasil, para apresentar ao público brasileiro”, afirma Araujo.

Desde a primeira edição, em 2014, a “MITsp” já apresentou 179 espetáculos entre nacionais e internacionais, de 46 países, em 449 sessões, a um público aproximado de mais de 200 mil pessoas. As Ações Pedagógicas e os Olhares Críticos reuniram ao longo dos anos mais de 279 convidados, em 425 ações, entre oficinas, seminários, debates, entre outras, ocupando 51 espaços.

No entanto, esta edição reflete um momento delicado: até agora, a programação de 2025 não conseguiu chegar a patamares anteriores e surge reduzida em cerca de 50% na grade internacional e 50% na MITbr, plataforma que agrega produções nacionais.

Para Araujo e Marques, a viabilidade desta edição só foi possível pela permanência de parceiros e apoiadores contínuos desde a primeira edição, como o Itaú, Sesc SP e Secretaria Municipal de Cultura.

“Só conseguimos trazer cerca de 180 obras, de meia centena de países, e quase 350 programadores de diversas nacionalidades porque acreditamos que São Paulo merece um lugar de destaque no mapa das artes cênicas. E desde o princípio tivemos ao nosso lado importantes patrocínios”, colocam.

 

“É um momento de crise do setor e se reflete também nesta edição da ‘MITsp’. É uma crise nacional e falta uma política de continuidade nos financiamentos do setor cultural, que impossibilita o planejamento a longo prazo e nos mantém em constante estado de emergência na produção cultural”, reflete Guilherme Marques, responsável por captar parceiros para que a mostra se realize anualmente.

Um dado interessante e recente apontado pelo Itaú Cultural mostra que a economia da cultura e das indústrias criativas (ECIC) representou 3,11% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em 2020.

“Esse valor é superior ao PIB da indústria automotiva, que foi de 2,5%. Mas o setor cultural tem sido desconsiderado por políticas culturais”, conclui Guilherme.

Parceria entre a MITsp e o SESI-SP

A área técnica de cultura do SESI-SP vem ao longo de seis décadas incentivando projetos artísticos grandiosos, acessíveis e gratuitos. Nesse sentido, a parceria com a “MITsp” é um ótimo exemplo dessa postura, pois, ao mesmo tempo em que fomenta os mais diversos públicos, evidenciando a formação como parte constitutiva do seu DNA, incentiva e estimula produções contemporâneas, grupos e pensadores conectados às temáticas emergentes que permeiam a esfera internacional explicitando assim a missão fundamental do SESI: dinamizar as relações culturais da sociedade, produzindo e difundindo o que há de melhor na cena contemporânea.

Patronos

“Desde a primeira edição, em 2014, trabalhamos para que a ‘MITsp’ seja independente. A falta de uma política de continuidade nos financiamentos do setor cultural impossibilita o planejamento a longo prazo e nos mantém em constante estado de emergência na produção cultural”, dizem os diretores.

A Mostra, além da busca de novas parcerias institucionais, criou um programa de Patronos para pessoas físicas, que podem abater de seu Imposto de Renda parte da doação.

“O formato de patronos, comum em outros países, é uma forma de conseguirmos outros modos de nos mantermos e, quem sabe, conseguirmos uma programação a médio prazo”, completam.

Espetáculos internacionais

As obras até agora confirmadas para a “MITsp” mostram a fidelidade com o pensamento de manter o diálogo com questionamentos e provocações de nosso tempo. Os espetáculos trazem olhares sobre envelhecimento, perdas, desejos, migração e resistência. Com artistas reconhecidos em suas linguagens e trabalhos inéditos no Brasil, o teatro, a dança e a performance ocupam a cena nos espetáculos selecionados, alguns combinados à música.

A “Artista em Foco” deste ano é a coreógrafa e performer Nora Chipaumire, nascida no Zimbábue. Vencedora de quatro prêmios Bessie e do prêmio Trisha Mckenzie Memorial, a artista apresenta no Brasil dois trabalhos: “Dambudzo”, instalação inspirada pelos significados literais e filosóficos da palavra dambudzo – “problema” em xona, uma língua bantu –, além de evocar ideias de pensadores africanos como Dambudzo Marechera (1952-1987); e a abertura de processo intitulado “acontinua – um obituário, um manual para uma vida vivida perseguindo a VIDA”, feito a partir de um convite da “MITsp”.

Nora buscou nesse work in progress o “agora” e o “vivo” como opções possíveis para a criação, em que as “experiências se tornam músculos, respiração, passos, arqueamento das costas, o conhecimento é compartilhado através da proximidade com outros corpos”, nas suas palavras.

Mohamed El Khatib retorna à Mostra com um trabalho com oito idosos em cena, não-atores, moradores de casas de repouso, a maioria octogenários e nonagenários. A “Vida Secreta dos Velhos” é fruto de sua pesquisa nesses locais e questiona se o envelhecimento marca o fim do desejo sexual e desafia ideias formadas ao longo dos anos sobre a terceira idade.

O coreógrafo moçambicano Idio Chichava traz para esta edição “Vagabundus”, com inspiração no ritual de dança do povo Makonde, que vive em Moçambique e países vizinhos. Os treze performers dançam e cantam músicas tradicionais e contemporâneas de seu país para abordar os processos migratórios e seus múltiplos significados pelo prisma do corpo.

Da América do Sul, “Gaivota”, do diretor argentino Guillermo Cacace, passou por importantes festivais na França, Espanha, Holanda, e, no fim do ano passado, esteve em cartaz em Nova York. Vem conquistando críticas importantes com sua livre adaptação do dramaturgo Juan Ignacio Fernández para a obra do russo Anton Tchekhov (1860-1904).

Ele traz cinco atrizes em cena, sentadas ao redor de uma mesa revelando, de forma íntima, histórias de amores não correspondidos, de sonhos que se despedaçam ao serem realizados e dores que se acumulam.

MITbr – Plataforma Brasil

Criada em 2018 como um dos eixos da “MITsp”, a MITbr – Plataforma Brasil promove a internacionalização das artes cênicas brasileiras. A cada edição, curadores independentes selecionam projetos de teatro, dança e performance, destacando a diversidade regional e temas urgentes. Este ano, a curadoria de Ave Terrena, Kenia Dias e Jay Pather escolheu trabalhos de vários estados, evidenciando a diversidade e excelência da cena brasileira.

A MITbr – Plataforma Brasil selecionou para esta décima edição da “MITsp” os seguintes trabalhos: “Repertório nº 3”, de Davi Pontes e Wallace Ferreira (RJ); “Baculejo”, do Coletivo Riddims | Encante Território Criativo (CE); “Quadra 16”, de Cris Moreira (MG); “Parto Pavilhão”, de Aysha Nascimento, Jhonny Salaberg e Naruna Costa; “Graça”, do grupo Girandança (RN); “Desmonte”, do Grupo Girino (MG); “Língua”, de Vinicius Arneiro (RJ); “A Última Ceia”, do Grupo Mexa; “Eu Tenho uma História que se Parece com a Minha”, de Tetembua Dandara.

Wallace Ferreira será o “Artista em Foco” desta edição da “MITbr”. Também conhecida como Patfudyda, é coreógrafa, performer e artista visual. Formada pela Escola Livre de Artes da Maré e pela EAV Parque Lage, venceu os prêmios ImPulsTanz – Prêmio Jovens Coreógrafos (2022) e FOCO ArtRio (2024). Nesta edição, além de se apresentar ao lado de Davi Pontes, também dará uma oficina.

Homenagem

Este ano, a “Mostra Internacional de Teatro de São Paulo” homenageia o multiartista brasileiro Antonio Nóbrega. Nascido no Recife, ele integrou, a convite do escritor e dramaturgo Ariano Suassuna (1927-2014), o grupo de música instrumental Quinteto Armorial. Ao longo de sua carreira, recebeu diversos prêmios, como o Shell de Teatro, o APCA e o Conrado Wessel.

Em 1992, fundou o Instituto Brincante ao lado da esposa, a atriz e bailarina Rosane Almeida. Nesta edição, apresenta “Mestiço Florilégio”, trabalho multidisciplinar assinado por ambos, que reúne canções, interpretações instrumentais, cenas teatrais, cinematografia e coreografias criadas e interpretadas pela dupla ao longo de 40 anos dedicados à cultura popular brasileira.

Grupos convidados

A décima edição apresenta dois trabalhos convidados que fazem parte da mostra periférica: “tReta”, uma invasão performática, do Original Bomber Crew (PI) e “Reset Brasil”, do grupo Estopô Balaio (SP).

Performance convidada

“Cosmopercepções” da Floresta é um encontro das culturas indígenas na Amazônia (Tukano e Uitoto), Mata Atlântica (Tupinambá, Guarani e Maxacali) e território Sápmi na Finlândia (Sami), que se dá a partir do corpo e da música e sua importância para esses diversos entendimentos de mundo.

Trabalho de João Paulo Lima Barreto, Sandra Nanayna, Larissa Ye’padiho Mota Duarte (Tukano), Anita Ekman e Renata Tupinambá em colaboração com Sunna Nousuniemi.

Estreia Nacional

O coreógrafo Alejandro Ahmed apresenta um novo trabalho com o Balé da Cidade de São Paulo, companhia do qual é diretor artístico, “Réquiem SP”, em parceria com outros corpos estáveis do Theatro Municipal, a Orquestra Sinfônica Municipal e o Coral Paulistano, sob regência de Maíra Ferreira, com composições do romeno György Ligeti e do músico eletrônico canadense Venetian Snares (Aeron Funk).

Internacionalização das artes cênicas brasileiras

A primeira edição da MITbr – Plataforma Brasil aconteceu em 2018, com esforço dos diretores Antonio Araujo e Guilherme Marques para criar um projeto de internacionalização das artes cênicas brasileiras, a partir de uma série de ações pedagógicas e reflexivas, como o Seminário de Internacionalização das Artes Cênicas Brasileiras e workshop de capacitação e produção com artistas e produtores locais, para garantir uma estrutura capaz de levar adiante os artistas brasileiros.

“O mercado internacional é muito bem estruturado e demanda do profissional, para além de ter um bom trabalho a oferecer, um domínio das formas de negociação e interlocução para que os trabalhos certos possam chegar aos programadores certos. Por isso, sabíamos, desde o início, que era fundamental, além de apresentar um showcase com artistas brasileiros, ter outras atividades de formação e reflexão. A figura do agente-difusor é uma função central no mercado internacional, mas praticamente inexistente no Brasil”, afirma Guilherme Marques.

Ações Pedagógicas e Olhares Críticos

No eixo de “Ações Pedagógicas”, a curadoria de Alexandra G. Dumas, professora e pesquisadora em Teatro, traz atividades com artistas da Mostra e outros convidados/as. São oficinas, rodas de conversa e trocas de experiências realizadas de forma gratuita para o público.

“Olhares Críticos”, com curadoria da pesquisadora, transfeminista e escritora Helena Vieira apresenta uma programação com possibilidades e desafios para o futuro do teatro e do nosso tempo. Para tanto, a programação conta com encontros e conversas com convidados de visões plurais e complementares.

Cartografias

Para a décima edição, entre as atividades planejadas, haverá o novo número de “Cartografias”, catálogo com cerca de 300 páginas, cujo conteúdo traz ensaios, entrevistas e artigos de pensadores/as, artistas e acadêmicos/as sobre cena teatral.

“Cartografias” é editado pelo jornalista, professor e pesquisador da ECA-USP Ferdinando Martins.

A programação completa da 10ª Edição da “Mostra Internacional de Teatro de São Paulo” pode ser conferida em www.mitsp.org.

  • Gratuito

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