Espetáculo “Dora” estreia no Sesc Ipiranga

Peça tem como tema a história, a memória e a resistência de uma guerrilheira.

Dora Foto: Alessandra Nohvais

Dados do estabelecimento

  • Data de inicio e término

    27 set até 20 out

  • Dias da semana e horários

    Sextas, às 21h30 | Sábados e domingos, às 18h30

  • Endereço

    R. Bom Pastor, 822 - Ipiranga,

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Mais detalhes

O espetáculo “Dora” faz uma viagem pela história, memória e resistência de uma guerrilheira em sua luta contra a ditadura do Brasil. Um tema que nos leva à reflexão, diante dos acontecimentos dos últimos anos no país, com as constantes ameaças à democracia.

Aos 23 anos, Maria Auxiliadora Lara Barcelos, a Dora, uniu-se à luta armada contra a ditadura militar.  A atriz e criadora Sara Antunes mergulhou na história da guerrilheira, explorando sua prisão, tortura e exílio, que terminou em suicídio na Alemanha, em 1976. As cartas trocadas entre a guerrilheira e sua mãe, Clélia Lara Barcelos, durante o período de prisão e exílio resultam no espetáculo “Dora”.

Com direção, dramaturgia e atuação de Sara Antunes, a peça é uma continuação da pesquisa iniciada em 2016 e recria um espaço de comunicação entre o confinamento e a busca pela utopia, explorando as complexidades das relações humanas em tempos de opressão.

“Dora foi uma figura feminina política no âmbito pessoal, porque o pessoal é político, como diz Simone de Beauvoir (1908 – 1876), e também na esfera pública. Ela entrou na faculdade de medicina em terceiro lugar, em uma época em que 90% dos alunos do curso eram homens. Envolveu-se politicamente nas organizações, foi presa, exilada e denunciou a ditadura. Foi muito amiga e parceira de casa de Dilma Rousseff. É uma figura que entregou o corpo inteiro à luta que acreditava e quero mais do que contar sua morte, desejo trazê-la para vida”, conta Sara Antunes.

Em um espaço que combina a sala de anatomia de uma estudante de medicina com o corpo de uma guerrilheira durante a ditadura, a obra explora os escritos autênticos de Maria Auxiliadora Lara Barcelos, estabelecendo um diálogo sensorial e íntimo entre Dora e sua mãe. O espetáculo ressoa a história do Brasil nos 1960 anos do golpe militar, criando um espaço de reflexão sobre a luta pela liberdade e a preservação da memória daqueles que resistiram à injustiça.

“O cenário tem aspectos singulares, porque resolvi reunir os papeis, as cartas e os documentos coletados nesses anos todos numa espécie de instalação. Sempre senti que os documentos da Dora, quando eu estive durante todos esses anos envolvida em outros projetos, ficavam me olhando, me indagando, numa espécie de ‘quando você vai colocar enfim pra estrear?’ Chegou a hora e eu literalmente quero colocá-los em cena” explica Sara.

A peça propõe uma reflexão sobre a jornada que levou Dora à luta política, transformando o palco em um espaço dinâmico onde sua presença se faz viva, e explora resistência e memória. A trilha sonora inclui Tropicália, Violeta Parra e Torquato Neto, canções que marcaram a época e que Dora ouvia e até recomendava.

Sobre Dora

Maria Auxiliadora Lara Barcelos (1945-1976), nascida em 25 de março na cidade de Antônio Dias (MG), é uma figura rica em história, embora pouco conhecida. Estudante de medicina e integrante da VAR (Vanguarda Armada Revolucionária), Dora tinha 23 anos quando foi presa. Foi libertada no grupo dos 70 em troca do embaixador suíço Giovanni Enrico Bucher e banida do Brasil. Viveu no Chile, Bélgica, França e, em 1974, estabeleceu-se na Alemanha, onde, em 1976, aos 31 anos, cometeu suicídio em Berlim, jogando-se na frente de um trem.

Durante seu tempo na prisão, Dora foi submetida a diversas formas de violações, principalmente de natureza desmoralizante por sua condição de mulher. Foi exposta como objeto de visitação para militares curiosos e sofreu degradação moral diante de seus companheiros. Dora denunciou essas violências durante seu julgamento na Justiça Militar.

No exílio, ela escreveu, “Sou boi marcado, fui aprendiz de feiticeira… Eu era criança e idealista. Hoje sou adulta e materialista, mas continuo sonhando. Dentro da minha represa, não há lei neste mundo que impeça o boi de voar”.

Classificação: 14 anos.

Entrada:  R$50.00 (inteira) | R$25,00 (meia)  | R$15,00 (credencial plena)

 

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  • Maiores de 14 anos

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