“Correntezas” traz obras de mulheres artistas brasileiras

Mostra coletiva integra "WAAWWorld - Women Artists Art Week" e reúne artistas de diferentes gerações

WAAWWorld - Women Artists Art Week Sandra Mazzini, Rio Vermelho I e II, 2018/ Créditos: Acervo Janaina Torres Galeria

Informações

  • Data de inicio e término

    08 jun até 15 jun

  • Dias da semana e horários

    Terça a sexta, das 10h às 18h | Sábado, das 10h às 16h

  • Endereço

    R. Vitorino Carmilo, 427 - Barra Funda

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Mais detalhes

A Janaina Torres Galeria recebe a exposição coletiva “Correntezas”, como como parte do “WAAWWorld – Women Artists Art Week”, evento mundial no qual galerias e instituições de arte ao redor do mundo exibem mostras exclusivas de artistas mulheres para ressaltar a importância feminina nas artes visuais.

“Correntezas” reúne trabalhos das artistas mulheres representadas pela galeria Helena Martins-Costa, Jeane Terra, Laíza Ferreira, Kika Levy, Liene Bosquê, Kitty Paranaguá, Luciana Magno, Marga Ledora, Sandra Mazzini.

A mostra apresenta diferentes suportes e formatos como videoperformance de Luciana Magno, colagem de Laíza Ferreira, um desenho da Série Quadrus Negrus de Marga Ledora, fotografias de Helena Martins-Costa e Kitty Paranaguá, pinturas de Sandra Mazzini, esculturas em vidro de Jeane Terra, obra têxtil de Liene Bosquê e gravura de Kika Levy.

No dia 14 de junho haverá a presença especial das artistas Kika Levy, Marga Ledora, Helena Martins-Costa e Sandra Mazzini. No dia, o público poderá conhecer e conversar com cada uma delas sobre suas obras.

Artistas que integram a mostra e suas obras

Luciana Magno traz a videoperformance “Devir Tubérculo” (2019), na qual o corpo da artista é enterrado e içado de uma agrofloresta, convocando à reflexão sobre a terra, o alimento e os modos de relação com o meio natural. A pesquisa de Luciana é focada no corpo, e a partir dele, aborda questões pessoais, políticas e sociais relacionadas ao impacto do desenvolvimento da Amazônia, com um forte aparato cultural e simbólico.

A estética da obra dialoga com imagem do Relatório Figueiredo (1967), que denunciou violências cometidas contra indígenas nas décadas de 1940, 1950 e 1960. A fotografia apresentou uma mulher indígena pendurada de cabeça pra baixo, e seu corpo cortado ao meio. “Devir Tubérculo” foi apresentada no 36º Panorama da Arte Brasileira: Sertão (2019), no MAM-SP.

Laíza Ferreira expõe colagens recentes concebidas durante residência artística na 2ª Bienal das Amazônias. Seu trabalho propõe um imaginário visual atravessado por experimentações ecológicas, elementos ritualísticos e conexões entre o corpo e o reino vegetal. Laiza Ferreira subverte a ordem colonialista e noções de tempo e espaço, em suas colagens faz apropriações de imagens, imprime uma nova identidade no trabalho e o transforma em campo de sobrevivência, resistência e cura.

No campo da fotografia, Helena Martins-Costa exibe a série “Vestidos para Morrer” (2000 – 2009) . A ação de revelar – ou ocultar – os rostos capturados tensionam o olhar do espectador e propõe uma reconfiguração da memória contida nesses fragmentos visuais. Em um processo de arqueologia fotográfica, a artista resgata os registros rejeitados, que sobreviveram ao desaparecimento, promovendo recortes e identificando semelhanças e tipologias nem sempre explícitas.

Em suas obras emergem origens culturais e geográficas muito diversas, articulando simultaneamente verdade e mentira, imprevisibilidade e construção, documento e monumento.

Sandra Mazzini apresenta duas pinturas da série” Rio Vermelho” (2018), nas quais paisagens tropicais são construídas a partir de gestos expressivos e cores saturadas, compondo imagens de atmosferas carregadas e elementos simbólicos que evocam a ideia de um território em ebulição.

Partindo de elementos clássicos, como o grid modernista e imagens de florestas, arquitetura e cenas bucólicas, Sandra os desconstrói em uma miríade de elementos autônomos, que se encadeiam como pinturas dentro da pintura — formando paisagens instáveis e complexas.

Já a escultura de Jeane Terra, da série “Cápsulas de Memória” (2025), é feita em vidro soprado e carrega impressa a imagem de um fragmento da Floresta Amazônica. A obra se articula como um relicário, uma tentativa de suspensão do tempo diante de um cenário marcado por ciclos de destruição.

Dos trabalhos de Jeane Terra emergem as subjetividades da memória, as nuances da transitoriedade e os destroços de um tempo, em registros que refletem sobre o apagamento e os efeitos da ação humana sobre a paisagem, o clima e a vida na terra.

Marga Ledora apresenta desenho da série “Quadrus Negrus”, que explora transições entre o real e o imaginário. Entre formas suspensas no vazio e no silêncio, em que sugestões de arquiteturas, plantas, pedras e flores insinuam-se em tons outonais, ergue-se a geometria parcial e reflexiva de Marga Ledora.

Tendo o desenho como seu habitat de preferência, a escolha dos materiais como obsessão e uma poética que se afirma na sutileza e no respiro, a artista nos convida a meditar utopias em nosso próprio mundo, em contraponto estético e ético diante da turbulência excessiva das mediações do contemporâneo.

Kitty Paranaguá fotografa a partir da relação que estabelece com seu objeto: pessoas, lugares, crenças, comunidades, cultura e história. É no convívio continuado entre fotógrafa e fotografada/o, em uma relação que acontece sob intenso envolvimento, emocional inclusive, que se estabelece a conexão fundamental que seu trabalho revela — a essência, condição para um novo olhar.

A fotografia, “Salete, Santa Martha”, da série “Campos de Altitude”, é o retrato de uma mulher diante do retrato do mundo em que ela vive, em abismo. Um retrato inédito do Rio de Janeiro, obtido a partir da linha sutil entre a relação – ou dissolução – do exterior com o interior, ressaltando o impacto estético e emocional.

Kika Levy tem a gravura como linguagem guia. Ela cria um mundo de sutilezas, sobreposições de imagens, resíduos de impressões, recortes e sobras, que reflete uma relação íntima e intensa com a natureza e se consolida em constante mutação.

A obra apresentada é “Cianômetro”, gravura em metal. “Cianômetro é o instrumento usado para medir a intensidade de azul do céu. O cianômetro foi criado em 1790 por Horace Bénedict de Saussure, alpinista que levava o aparelho para suas escaladas onde notou que quanto mais alto, mais profundo era o azul, pelo baixo teor de umidade do ar, a escala vai de 0 a 52.

A artista brasileira, radicada nos EUA, Liene Bosquê traz sua obra têxtil “Poem of the Modern”. A sobreposição de toalhas cortadas a laser, refletem a utilização anterior do espaço, antiga loja de departamento de Chicago.

Os desenhos são uma tradução dos ornamentos do prédio Sullivan Center, Chicago, projetado pelo arquiteto norte-americano Louis Sullivan, primeiro arquiteto modernista que defendia a máxima de que “a forma segue a função”.

A artista parte do encontro do corpo com a arquitetura, materiais têxteis e o ambiente para criar vestígios, impressões, conflitos e reflexos dessa relação. A artista e educadora conjuga resquícios do que se foi e traços do que está por vir.

 

  • Acessível para cadeirantes
  • Gratuito
  • Livre para todas as idades

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