Cinemateca realiza “Mostra Cinema de Periferia”

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A “Mostra Cinema de Periferia” apresenta um amplo recorte da produção cinematográfica realizada nas periferias urbanas brasileiras ao longo dos últimos 25 anos, reafirmando a potência estética, política e cultural desse movimento no audiovisual contemporâneo. A iniciativa celebra, ainda, os 20 anos do curta-metragem “Rap, O Canto da Ceilândia” (2005), dirigido por Adirley Queirós, obra considerada um marco por ser uma das primeiras produções independentes realizadas por um morador da Ceilândia (DF).

A partir da década de 2010, o cinema de periferia passou por uma expansão significativa, com o surgimento de pequenas produtoras e realizadores que se reconhecem em origens periféricas – seja pelo território, seja pela vivência simbólica. Esses cineastas vêm construindo narrativas próprias, centradas no cotidiano, nas margens, nas relações afetivas, nos conflitos sociais e nas fabulações que atravessam a vida comum.

A programação reúne 35 filmes, entre curtas e longas-metragens, ficções e documentários, produzidos entre 2001 e 2025, em diferentes regiões do país. Nas obras selecionadas, o gesto de filmar assume também um caráter de liberdade, participação política e afirmação identitária, disputando representações sobre a cidade, a cultura e a própria ideia de Brasil fora das lógicas hegemônicas.

Com curadoria de Wilq Vicente e do Coletivo Quilombarte, de Paraisópolis (SP), a mostra é realizada pela Cinemateca Brasileira e evidencia um cinema plural, inovador e em permanente reinvenção, cada vez mais presente em festivais, salas de exibição e no campo acadêmico.

Além das sessões, a programação inclui dois debates. No dia 6, acontece a mesa “Formação de Cinema na Periferia”, com participação de Marina Zaslawski Baião (SPCine), Priscila Machado (Instituto Criar), Eliana Fonseca (É Nóis na Fita) e Tammy Weiss (Instituto Querô). Já no dia 13, o debate “O Mercado para o Cinema Periférico” reúne Renato Cândido, Rosa Caldeira e Quézia Lopes para discutir os desafios de circulação, financiamento e consolidação do setor.

A mostra também marca o lançamento do livro “Cinema de Periferia: Narrativas do Século 21”, de Wilq Vicente, publicado pela Editora Funilaria, ampliando o diálogo entre prática audiovisual e reflexão teórica.

O evento conta com apoio de Vitrine Filmes, Sessão Vitrine Petrobrás, Embaúba, Descoloniza Filmes, Cinema Sem Teto, Rosza Filmes, Elo Studios, Preta Portê, Revoada Filmes, Maloka Filmes, Tarrafa Produtora e Distribuidora e Astúcia Filmes, reforçando uma rede de colaboração que sustenta e fortalece o cinema produzido nas periferias brasileiras.

A entrada é gratuita e os ingressos serão distribuídos uma hora antes de cada atividade.