“Cidade Soterrada” é atração nos Campos Elíseos

Peça é inspirada na Revolta Paulista de 1924, maior conflito armado urbano que já aconteceu no Brasil.

Cidade Soterrada Foto: Noelia Nájera

Informações

  • Data de inicio e término

    15 mar até 14 abr

  • Dias da semana e horários

    Quinta a segunda, às 19h

  • Endereço

    Ponto de Encontro: Rua Helvétia, 937 (Cruzamento da Rua Helvétia com a Av. São João) - Santa Cecília

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Mais detalhes

A Próxima Companhia aprofunda sua pesquisa sobre as disputas políticas, sociais e territoriais no Centro de São Paulo com a estreia de “Cidade Soterrada”, que recupera a memória sobre a Revolta Paulista de 1924, também conhecida como Revolta Esquecida. O espetáculo tem direção de Lucelia Sergio e dramaturgia de Vana Medeiros, Lucas Moura e Renato Mendes.

Estão no elenco os artistas Baco Pereira, Caio Franzolin, Caio Marinho, Emmanuelle Barcelos, Gabriel Küster, Gabriel Pestana, Heloisa Berenguel, Julia Lacerda, Juliana Oliveira, Jussara Amâncio, Leidi Araújo, Lucas Nascimento, Matheus Fonseca, Maurício Caetano, Nayra Priscila, Paula Praia, Sam Valerianna e Sarah Graciano.

O processo de criação de “Cidade Soterrada” teve início em 2024 no contexto das comemorações aos 10 anos de trajetória d’A Próxima Companhia e de memória dos 100 anos desse episódio ainda pouco conhecido na história do país – mesmo tendo sido considerado um dos maiores conflitos armados urbanos na América Latina.

Na ocasião, em uma das ações previstas no projeto contemplado, “Revoltas Urbanas: Blocos e Barricadas” o grupo propôs a ação cênica intitulada “23 dias”, em que convidaram os diretores e diretoras Georgette Fadel, Ícaro Rodrigues, Lucelia Sergio, Luis Fernando Marques (Lubi) e Thais Dias para criar intervenções cênicas nas ruas do Campos Elíseos ao longo de 23 dias consecutivos, fazendo uma alusão ao tempo que durou o conflito na cidade.

Tanto o processo criativo como a montagem do novo espetáculo foram realizados com apoio da 41ª edição da Lei de Fomento ao Teatro para a Cidade de São Paulo.

A Revolta Paulista

A Revolta Esquecida, como ficou popularmente conhecida, tem esse nome por não estar muito presente na memória da história oficial. Ao longo de 23 dias, de 5 a 28 de julho de 1924, o conflito deixou diversas regiões da cidade destruídas, provocou a morte de milhares de civis e foi responsável por um grande êxodo urbano.

Um dos principais polos da batalha foi a região dos Campos Elíseos, onde ficava a sede do governo paulista. Foi adotado o bombardeio terrificante por parte do governo contra a cidade. Trata-se de aterrorizar a população para que tenham medo de se envolver com os revoltosos. A população civil se viu em uma zona de guerra, com direito a trincheiras armadas e canhões espalhados pelas ruas.

O governador de São Paulo, Carlos de Campos, se refugiou no interior, enquanto os revoltosos recebiam adesões de todos os tipos da população: operários(as), mulheres trabalhadoras informais, pessoas desempregadas além de soldados de baixa patente. Uma revolta com indícios de guerra civil.

O propósito deste Projeto é construir paralelos entre a Revolução Esquecida e o contexto de conflito entre o atual plano diretor para Campos Eliseos e a expulsão das famílias em vulnerabilidade que vivem na região.

A encenação

Mais do que simplesmente recuperar a memória sobre esse trágico episódio na história de São Paulo, “Cidade Soterrada” pretende criar uma discussão sobre o estado permanente de conflito no espaço urbano e a lógica da violência entranhada na dinâmica da cidade.

Assim, A Próxima Companhia, que foi fundada em 2014, intensifica sua pesquisa sobre as questões relacionadas a território, ao direito à moradia, ao direito à cidade, ao combate ao discurso da revitalização e aos mecanismos imobiliários para retirada da população pobre da região central.

O espetáculo também experimenta a relação entre guerra e festa para ocupar as ruas, reconhecendo movimentos de resistência, que se perpetuam através da revolta e da esperança. A festa como ferramenta de encontro, partilha, organização popular e resistência contínua.

“O espetáculo traz heróis tortos, mas, muito empenhados em salvar o mundo. Que viajam 100 anos para o futuro, caminhando por ruas onde os tempos históricos se sobrepõem e se complementam, onde os rebeldes de ontem e de amanhã encontram ecos no presente. Estamos em um território onde o barulho de bombas e os despejos são frequentes, mas nossos heróis seguem acreditando. É um dever da arte imaginar possibilidades de resistência e de alegria”, nos conta Lucelia Sergio

Para isso, os integrantes do grupo, Caio Franzolin, Caio Marinho, Gabriel Küster, Juliana Oliveira e Paula Praia convidaram 13 artistas para compor um coro e ocupar as ruas com uma grande folia.

Sinopse

Uma liga de heróis com poderes inusitados viaja no tempo e chega em meio ao caos urbano da São Paulo de 2025 para tentar deter a maldição do esquecimento, que se renova a cada 100 anos. Vindos da revolta esquecida de 1924, os guerreiros pretendem formar a resistência unindo forças com o coro de cidadãos da cidade contra os abutres e soldados da opressão.

Guiados pelas águas soterradas e pelos enigmas de uma Oráculo dos Tempos, os heróis procuram um quebra-feitiço percorrendo as ruas dos Campos Elísios, cruzando memórias capazes de erguer monumentos populares, enquanto as máquinas do futuro constroem o progresso.

  • Acessível para cadeirantes
  • Gratuito
  • Livre para todas as idades

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