Chechênia, de Ronaldo Serruya, volta ao cartaz
Peça discute a homofobia a partir das vivências do artista e da existência de prisões para homossexuais

Informações
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Data de inicio e término
05/12/2025 até 21/12/2025
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Dias da semana e horários
Sextas e sábados, às 21h | Domingos, às 19h
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Valores
R$ 60 (inteira) | R$ 30 (meia)
Mais detalhes
Em 2017, denúncias reveladas pela imprensa internacional e amplificadas pelas redes sociais trouxeram à tona a existência de prisões clandestinas destinadas a homossexuais na República da Chechênia, na Europa Oriental. A partir desse episódio, o dramaturgo, ator e pesquisador Ronaldo Serruya (Grupo XIX e Teatro Kunyn) criou o espetáculo “Chechênia: Um Estudo de Caso”, que entra em temporada no Teatro Manás Laboratório.
Definida pelo autor como uma peça-palestra, a obra parte da provocação: “Quantas Chechênias existem no Brasil?”. A partir dessa pergunta, Serruya constrói uma narrativa ficcional que imagina, em detalhes, o cotidiano de um campo de confinamento voltado à repressão de pessoas LGBTQIAPN+. A criação também dialoga com memórias da infância queer do artista, vivida em uma família tradicional judia.
Desde o espetáculo “A Doença do Outro”, indicado ao Prêmio Shell de Melhor Texto em 2023, Serruya vem investigando a linguagem da peça-palestra como forma de aproximar o teatro da reflexão crítica.
“Para mim, isso significa convidar o público para uma conversa. Tudo parece improvisado, mas cada detalhe da dramaturgia foi cuidadosamente pensado”, explica o artista.
Na encenação, ator, personagem e palestrante se misturam em um constante jogo de metalinguagem, propondo uma reflexão sobre os mecanismos da homofobia institucional presentes nas estruturas políticas ao redor do mundo, inclusive no Brasil.
Embora reconheça as diferenças entre os dois contextos, Serruya chama atenção para os índices de violência no país.
“Pode parecer estranho comparar Brasil e Chechênia, mas o Brasil é um dos países que mais mata pessoas LGBTQIAPN+ no mundo, e precisamos falar sobre isso”, afirma.
Para estabelecer esse paralelo, o espetáculo imagina uma espécie de clínica de reabilitação voltada à chamada ‘cura gay’, acompanhando o cotidiano de um homem homossexual perseguido e aprisionado por sua identidade. A fronteira entre realidade e ficção é intensificada pelo uso de recursos audiovisuais: a artista Sol Faganello, que divide a direção com Serruya, permanece em cena operando uma câmera, criando imagens ao vivo que dialogam com a narrativa.
À medida que a história avança, a violência se torna mais explícita, conduzindo a um ponto de ruptura.
“Não podemos mais construir histórias que se acomodem apenas na denúncia da tirania. Precisamos imaginar algo que vá além”, destaca Serruya.
Nesse momento, o espetáculo revisita a infância do protagonista, oferecendo à criança antes silenciada a possibilidade de liberdade no tempo presente do teatro.
Os ingressos para assistir ao espetáculo “Chechênia: Um Estudo de Caso” podem ser adquiridos via Sympla.
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