“Antígona Travesti” é exibida em locais secretos
Em encontros/sessões que mudam regularmente de local, peça aborda luta contra a tirania

Informações
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Data de inicio e término
16/10/2025 até 30/11/2025
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Valores
R$ 80 (inteira) | R$ 40 (meia) | R$25 (ingresso amigo)
Mais detalhes
Entre os dias 16 de outubro e 30 de novembro, a diretora, atriz e dramaturga Renata Carvalho apresenta o espetáculo “Antígona Travesti”, uma potente releitura contemporânea da tragédia grega, que transforma o teatro em um espaço de resistência política e afetiva.
A encenação percorre locais simbólicos da cidade — como a Vila Maria Zélia, o Teatro Taib, a Casa 1, o Teatro de Arena Eugênio Kusnet e a Ocupação Nove de Julho —, em formato de “reunião secreta”, cujo local e horário são revelados apenas aos que confirmam presença via WhatsApp (11 94067‑3441).
Escrita e protagonizada por Renata, a peça transpõe o mito de Antígona para uma metrópole contemporânea chamada Tebas, governada por Creonte, um líder religioso de extrema direita. A protagonista dirige uma ONG que acolhe pessoas trans e vê sua filha Policine, uma travesti de 23 anos, ser brutalmente assassinada. Ao se rebelar contra a proibição de enterrar a filha com dignidade, Antígona mobiliza outras travestis e mulheres trans em um levante coletivo.
“Além da obra de Sófocles, fui inspirada pelo livro ‘O Parque das Irmãs Magníficas’, da argentina Camila Sosa Villada; pelo espetáculo musical ‘Gota d´Água’, de Chico Buarque, Paulo Pontes e Gianni Ratto, baseado em ‘Medeia’; por ‘Mau Hábito’, da espanhola Alana S. Portero, e por fatos reais acontecidos no Brasil, como a Operação Tarântula, criada em 1987 pela polícia de São Paulo para perseguir e eliminar travestis; e a morte da travesti Qelly da Silva, em Campinas, que teve seu coração arrancado e substituído por uma santa “, conta a diretora e dramaturga.
O elenco conta com um Coro Travesti formado por Alice Guél, Andreas Mendes, Ave Terrena, Ayo Tupinambá, Daniela D’eon, Maria Lucas e Thays Villar. Apesar de abordar temas como violência e opressão, a montagem aposta em uma narrativa de afeto e resistência, destacando a figura da “traviarca” protetora e inspiradora.
Com iluminação minimalista e trilha sonora contida, o espetáculo remete às reuniões clandestinas da ditadura militar, reforçando o caráter político e simbólico da obra.
“Antígona Travesti” nasceu a partir de um convite da atriz e ativista Leila Pereira Daianis, presidente da Associação Libellula, na Itália, que oferece apoio a mulheres, pessoas trans e imigrantes. A primeira leitura dramática ocorreu em Roma, em dezembro de 2024, marcando o início de um projeto internacional de diálogo entre arte e direitos humanos.

Foto: Lígia Jardim