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Última modificação dezembro 10, 2025

Três vezes “Hamlet”

O mês de dezembro traz três versões diferentes do clássico de Shakespeare

Fernando Lufer e Marina Esteves interpretam Hamlet e Ofélia em "Black Machine". Foto: Sergio Silva

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    Escrita pelo dramaturgo britânico William Shakespeare entre 1599 e 1601, A Tragédia de Hamlet, príncipe da Dinamarca (ou apenas Hamlet) conta a história de como o príncipe tenta vingar a morte de seu pai, executado por Cláudio (o tio do protagonista) que agora ocupa o trono. A peça versa sobre temas como traição, vingança, corrupção e moralidade, tendo sido reescrita ao longo dos anos por seu autor. As versões que sobreviveram até os nossos dias são as três primeiras, sendo a primeiríssima delas mais dinâmica, centrada na trama política e de duração mais curta; enquanto a que nós conhecemos melhor (a terceira), se debruça mais sobre seus temas filosóficos sendo uma das obras responsáveis por estabelecer a corrente do Humanismo na Filosofia.

    A peça já ganhou diversas adaptações, de uma animação da Disney protagonizada por leões até um clássico do cinema protagonizado por Laurence Olivier. No teatro, o príncipe dinamarquês foi interpretado por nomes como Andrew Scott, Adrian Lester, Benedict Cumberbatch, David Tennant, Ralph Fiennes e Paapa Essiedu (em uma montagem com elenco majoritariamente negro que transportava a história para uma república africana moderna). No Brasil, Sérgio Cardoso, Walmor Chagas, Marcelo Drummond (na montagem do Teatro Oficina), Wagner Moura, Thiago Lacerda e Chico Carvalho interpretaram o príncipe.

    Neste mês de dezembro, a capital paulista recebe três versões diferentes da Tragédia de Hamlet, duas das quais valem-se de elementos da cultura negra para contar a história. Conheça esses espetáculos a seguir:

    Black Machine

    Idealizada por Fernando Lufer, que também interpreta Hamlet, esta versão reinventa a história de Hamlet e Ofélia em uma peça pop, trazendo temas como questões étnico-raciais, necropolítica, masculinidade tóxica, desejo e dor. Com dramaturgia de Dione Carlos e direção geral de Eugênio Lima, a peça retrata Hamlet não mais como um príncipe dinamarquês, mas como um homem que vive as consequências da colonização e do racismo, atravessado pelas vozes de Frantz Fanon, Jean-Michel Basquiat, Aimé Césaire e Mano Brown. E uma Ofélia (interpretada por Mariana Esteves) que não é mais passiva e vítima dos homens ao seu redor, mas revolucionária e dona da própria voz, construída a partir de Lélia Gonzalez, Sueli Carneiro e Erykah Badu.

    Itaú Cultural 
    Av. Paulista, 149 – Bela Vista 
    (11) 2168-1777 | @itaucultural
    Quinta a sábado às 20h | Domingo às 19h
    Até 14 de dezembro
    

    Fernando Lufer e Marina Esteves interpretam Hamlet e Ofélia em “Black Machine”. Foto: Sergio Silva

     

    Hip Hop Hamlet

    Dia 18, quinta-feira, o Teatro YouTube (sediado pela Galeria Magalu no Conjunto Nacional) será inaugurado com uma versão que adapta o clássico de Shakespeare para a linguagem do Hip Hop. Elaborada pelo Núcleo Bartolomeu de Depoimentos e dirigida por Guilherme Leme, a peça transforma o contexto da tragédia para a realidade periférica atual.  Enquanto o personagem titular (interpretado por Dom Capelari) segue seu roteiro de vingança, a personagem de Ofélia (interpretada por Ayomi Domenica), se mostra diferente da donzela do original, transformando seu desfecho trágico.

    Teatro YouTube – (Conjunto Nacional)
    Av. Paulista, 2073 - Cerqueira César
    Telefone | Instagram
    De quarta a sexta às 20h | Sábados às 17h e às 20h | Domingo às 18h
    De 18 até 21 de dezembro | De 07 de janeiro até 25 de janeiro de 2026
    
    

    O elenco de “Hip Hop Hamlet”. Foto: Divulgação.

    Shakespeare Embriagado – Hamlet

    A versão realizada pela Benjamin Produções vai para o lado cômico. Isso ocorre devido ao seu formato curioso: um voluntário da plateia é escolhido para interpretar o Rei Cláudio, vilão da história. Mais que ser o responsável por matar o Rei Hamlet, esta pessoa tem um grande poder em suas mãos: a qualquer momento da apresentação ele pode tocar uma sineta, obrigando todo o elenco a tomar um shot de bebida alcoólica. O desafio do elenco está em terminar a peça, apesar de embriagados. Com dramaturgia de Karol Garret e direção de Dagoberto Feliz, a peça reduz a trama para uma hora de duração e recheia o espetáculo de músicas já conhecidas pelo público – garantindo uma noite divertida e festiva. Sempre apresentada em um bar, o formato surgiu em Nova York em 2014 em comemoração aos 450 anos de Shakespeare.

    peças de teatro em lugares inusitados

    Cena de “Shakespeare Embriagado – Hamlet” encenada no bar Coringa Madá. | Foto: Divulgação

    A trupe também apresentará uma versão de Romeu e Julieta neste mesmo formato. Confira as datas a seguir:

    Shakespeare Embriagado
    Bar Coringa Madá
    R. Luís Murat, 370 – Vila Madalena
    @coringa.mada
    
    Hamlet
    Dia 19 de dezembro, sexta, às 20h30
    
    Romeu e Julieta
    Dia 12 de dezembro, sexta às às 20h30
    Foto de perfil do colaborador Pedro A. Duarte

    Pedro A. Duarte

    12 publicações

    Formado em Jornalismo pela FAAP. Especialista em Jornalismo Científico pelo Labjor Unicamp.