Escrita pelo dramaturgo britânico William Shakespeare entre 1599 e 1601, A Tragédia de Hamlet, príncipe da Dinamarca (ou apenas Hamlet) conta a história de como o príncipe tenta vingar a morte de seu pai, executado por Cláudio (o tio do protagonista) que agora ocupa o trono. A peça versa sobre temas como traição, vingança, corrupção e moralidade, tendo sido reescrita ao longo dos anos por seu autor. As versões que sobreviveram até os nossos dias são as três primeiras, sendo a primeiríssima delas mais dinâmica, centrada na trama política e de duração mais curta; enquanto a que nós conhecemos melhor (a terceira), se debruça mais sobre seus temas filosóficos sendo uma das obras responsáveis por estabelecer a corrente do Humanismo na Filosofia.
A peça já ganhou diversas adaptações, de uma animação da Disney protagonizada por leões até um clássico do cinema protagonizado por Laurence Olivier. No teatro, o príncipe dinamarquês foi interpretado por nomes como Andrew Scott, Adrian Lester, Benedict Cumberbatch, David Tennant, Ralph Fiennes e Paapa Essiedu (em uma montagem com elenco majoritariamente negro que transportava a história para uma república africana moderna). No Brasil, Sérgio Cardoso, Walmor Chagas, Marcelo Drummond (na montagem do Teatro Oficina), Wagner Moura, Thiago Lacerda e Chico Carvalho interpretaram o príncipe.
Neste mês de dezembro, a capital paulista recebe três versões diferentes da Tragédia de Hamlet, duas das quais valem-se de elementos da cultura negra para contar a história. Conheça esses espetáculos a seguir:
Black Machine
Idealizada por Fernando Lufer, que também interpreta Hamlet, esta versão reinventa a história de Hamlet e Ofélia em uma peça pop, trazendo temas como questões étnico-raciais, necropolítica, masculinidade tóxica, desejo e dor. Com dramaturgia de Dione Carlos e direção geral de Eugênio Lima, a peça retrata Hamlet não mais como um príncipe dinamarquês, mas como um homem que vive as consequências da colonização e do racismo, atravessado pelas vozes de Frantz Fanon, Jean-Michel Basquiat, Aimé Césaire e Mano Brown. E uma Ofélia (interpretada por Mariana Esteves) que não é mais passiva e vítima dos homens ao seu redor, mas revolucionária e dona da própria voz, construída a partir de Lélia Gonzalez, Sueli Carneiro e Erykah Badu.
Itaú Cultural Av. Paulista, 149 – Bela Vista (11) 2168-1777 | @itaucultural Quinta a sábado às 20h | Domingo às 19h Até 14 de dezembro

Fernando Lufer e Marina Esteves interpretam Hamlet e Ofélia em “Black Machine”. Foto: Sergio Silva
Hip Hop Hamlet
Dia 18, quinta-feira, o Teatro YouTube (sediado pela Galeria Magalu no Conjunto Nacional) será inaugurado com uma versão que adapta o clássico de Shakespeare para a linguagem do Hip Hop. Elaborada pelo Núcleo Bartolomeu de Depoimentos e dirigida por Guilherme Leme, a peça transforma o contexto da tragédia para a realidade periférica atual. Enquanto o personagem titular (interpretado por Dom Capelari) segue seu roteiro de vingança, a personagem de Ofélia (interpretada por Ayomi Domenica), se mostra diferente da donzela do original, transformando seu desfecho trágico.
Teatro YouTube – (Conjunto Nacional) Av. Paulista, 2073 - Cerqueira César Telefone | Instagram De quarta a sexta às 20h | Sábados às 17h e às 20h | Domingo às 18h De 18 até 21 de dezembro | De 07 de janeiro até 25 de janeiro de 2026

O elenco de “Hip Hop Hamlet”. Foto: Divulgação.
Shakespeare Embriagado – Hamlet
A versão realizada pela Benjamin Produções vai para o lado cômico. Isso ocorre devido ao seu formato curioso: um voluntário da plateia é escolhido para interpretar o Rei Cláudio, vilão da história. Mais que ser o responsável por matar o Rei Hamlet, esta pessoa tem um grande poder em suas mãos: a qualquer momento da apresentação ele pode tocar uma sineta, obrigando todo o elenco a tomar um shot de bebida alcoólica. O desafio do elenco está em terminar a peça, apesar de embriagados. Com dramaturgia de Karol Garret e direção de Dagoberto Feliz, a peça reduz a trama para uma hora de duração e recheia o espetáculo de músicas já conhecidas pelo público – garantindo uma noite divertida e festiva. Sempre apresentada em um bar, o formato surgiu em Nova York em 2014 em comemoração aos 450 anos de Shakespeare.

Cena de “Shakespeare Embriagado – Hamlet” encenada no bar Coringa Madá. | Foto: Divulgação
A trupe também apresentará uma versão de Romeu e Julieta neste mesmo formato. Confira as datas a seguir:
Shakespeare Embriagado Bar Coringa Madá R. Luís Murat, 370 – Vila Madalena @coringa.mada Hamlet Dia 19 de dezembro, sexta, às 20h30 Romeu e Julieta Dia 12 de dezembro, sexta às às 20h30






