Muitas mulheres se destacaram na história do teatro brasileiro, como Fernanda Montenegro, de 95 anos, Bibi Ferreira (1922-2019), Eva Wilma (1933-2021), Cacilda Becker (1921-1969), Tônia Carrero (1922 – 2018) e Ismênia dos Santos (1910-1963), a matriarca do teatro brasileiro, entre tantas outras atrizes que marcaram seus nomes no palco.
Mas, nem sempre foi assim: nos primórdios do teatro no país, a presença feminina era proibida, e os homens interpretavam todos os papeis nos espetáculos.
No século 17, a justificativa para isso era a “preservação da juventude”, numa tentativa de evitar que os meninos desenvolvessem “paixões precoces”. Por isso, a rainha Maria I de Portugal proclamou uma lei que impedia apresentações de peças com personagens femininos nas escolas. A exceção ficava por conta das representações de santas, o único papel permitido às mulheres.
A presença feminina no teatro só começou a se tonar comum no Brasil após a chegada de D. João VI ao país. Ele veio acompanhado de algumas atrizes europeias e, com o tempo, tabus foram quebrados, e a participação das mulheres nos espetáculos se popularizou.
Atualmente, atrizes incríveis dão shows nos palcos paulistanos, das iniciantes às mais conhecidas e experientes. Prestigiar essas peças é a dica para celebrar o Dia Internacional da Mulher, comemorado em 8 de março.
Conheça 5 espetáculos teatrais com mulheres protagonistas que estão em cartaz na capital, ou que vão estrear em breve:
Belmira
Foto: Brendo Trolesi
Estrelado por Angela Ribeiro, “Belmira” propõe uma reflexão sobre educação, medo e insegurança. A peça conta a história da professora paraense Marta, que sobreviveu a um atentado escolar. No palco, ela divide sua experiência com o público, além de fazer reflexões sobre educação.
Aos poucos, ela revela os vínculos que tem com a misteriosa Belmira, sua colega de profissão. As memórias da relação entre as duas professoras emergem, numa tentativa de elaborar o trauma vivido. Tudo é embalado por ritmos do Pará.
“Belmira” foi escrito e dirigido por Carla Zanini, que questiona as possíbilidades de ensino e aprendizagem em ambientes constantemente ameaçados, que viraram alvos de atentados nos últimos anos.
Onde: Sesc Ipiranga (Rua Bom Pastor, 822, Ipiranga)
Quando: de 13 de março a 6 de abril; aos sábados e domingos, às 18h30
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Das Tripas: Sete Histórias
Foto: Cláudio Gimenez
No espetáculo, a atriz e bailarina Mariana Muniz investiga o universo dos contos da escritora pernambucana Ezter Liu, autora de “Vermelho Alcalino” (2015) e “Das Tripas Coração” (2018). Esse último livro, vencedor do V Prêmio Pernambuco de Literatura (2018), foi a inspiração para a peça.
Todos os contos escolhidos para “Das Tripas: Sete Histórias” têm em comum a temática feminina. São histórias repletas de peripécias inusitadas e concretas, que convidam o público a mergulhar no universo poético da dança-teatro.
Dirigida por Clara Carvalho, a peça apresenta uma construção coreográfica e teatral, fazendo com que os movimentos e as palavras deem voz e corpo ao universo poético e profundamente feminino retratado por Ezter Liu.
Onde: Teatro Sérgio Cardoso – sala Paschoal Carlos Magno (Rua Rui Barbosa, 153, Bela Vista)
Quando: de 7 a 16 de março; sextas, sábados e domingos, às 19h
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Petra
Foto: Luiza Ananias / Cia.BR116 – Teatrofilme
O espetáculo “Petra” é uma montagem adaptada do livro “As Lágrimas Amargas de Petra von Kant” (1972), clássico de Rainer Werner Fassbinder, grande sucesso de público e de crítica.
Com elenco exclusivamente feminino, a peça estreia na véspera do “Dia Internacional da Mulher”. Sobem ao palco as atrizes Bete Coelho, Luiza Curvo, Lindsay Castro Lima, Clarissa Kiste, Renata Melo, Miranda Diamant Frias e Laís Lacôrte.
“Petra” é uma reafirmação de três poderes universais: o feminino, o amor e a arte teatral. No enredo, Petra von Kant, uma estilista de alta costura, passa por momentos de sofrimento por causa de uma paixão não correspondida.
Onde: Teatro Sérgio Cardoso – sala Sérgio Cardoso (Rua Rui Barbosa, 153, Bela Vista)
Quando: de 7 a 30 de março; sextas e sábados, às 20h; domingos, às 16h
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Prima Facie
Foto: Divulgação
Em cartaz no Teatro Vivo, “Prima Facie” é o primeiro monólogo da carreira de Débora Falabella. Sucesso de público, o espetáculo estreou em Londres, em 2022, e seguiu uma trajetória meteórica.
O texto de Suzie Miller ganhou dezenas de montagens ao redor do mundo, conquistando a Broadway e o West End inglês. No Brasil, a versão inédita é dirigida por Yara de Novaes.
No palco, a atriz interpreta Tessa, mulher nascida em uma família pobre, que conseguiu vencer no mundo do Direito e se tornou uma advogada bem-sucedida.
Entre os clientes dela, há homens acusados de violência sexual. Isso a leva a uma crise ética e profissional, em que se vê obrigada a rever uma série de valores e princípios.
Toda essa situação a faz refletir sobre o sistema judicial, a condição feminina e as relações conturbadas entre as diversas esferas de poder.
Onde: Teatro Vivo (Av. Dr. Chucri Zaidan, 2.460, Vila Cordeiro)
Quando: até 30 de março; de quinta a sábado, às 20h; domingos, às 18h
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Uma Boneca para Menitinha
Foto: Felipe Stucchi
Em cartaz até o final de semana no Sesc Belenzinho, o espetáculo infantil “Uma Boneca para Menitinha” é inspirado na obra homônima premiada de Penélope Martins e Tiago de Melo Andrade.
Com direção de Suzana Aragão (integrante dos Doutores da Alegria), a peça traz uma reflexão sobre o Brasil profundo, suas gerações e heranças.
Em “Uma Boneca para Menitinha”, a avó de Menitinha sonha em presentear a neta com uma boneca de porcelana. No entanto, isso parece algo inalcançável para ela.
A situação muda com um inesperado encontro com o rio, fazendo seu desejo se realizar. O episódio desencadeia uma série de eventos que exploram o poder do sonho, do amor familiar e das tradições populares.
Onde: Sesc Belenzinho (Rua Padre Adelino, 1.000, Belenzinho)
Quando: até 9 de março; sábado e domingo, às 12h
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