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Última modificação julho 01, 2025

Festival Cidade da Cultura toma conta de São Paulo

Com mais de 150 espaços envolvidos, programação gratuita reúne artistas brasileiros e internacionais

Festival Cidade da Cultura Evento reúne destinos para conhecer a arte da capital paulista | Foto: Divulgação

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    A cidade de São Paulo será palco, a partir desta terça-feira (1°), do Festival Cidade da Cultura, que ocupará mais de 150 espaços da capital paulista com uma programação gratuita que abrange show de comédia, dança, circo, literatura, artes visuais, exposições, performances, música e debates sobre mercado cultural.

    Criado pelo produtor Marcelo Sollero, diretor do Polo Cultural, e inspirado no Festival Fringe de Edimburgo, o evento reúne projetos já reconhecidos da produtora, como o “Arena da Palavra”, “Jam Brasil”, “Arte em Circuito”, “Corpo em Performance”, “Diplomacia Cultural” e o “Areninha”.

    Segundo ele, em entrevista coletiva, o projeto visa “promover a diversidade artística e estimular conexões entre o Brasil e o mundo por meio da arte”.

    Entre os nomes confirmados está a House of Oz, da Austrália, que traz pela primeira vez ao Brasil o espetáculo acrobático “Ten Thousand Hours” e o “Triptych“, performance de dança assinada por Lewis Major e o coreógrafo britânico Russell Maliphant OBE.

    Além desses, a instituição também garante destaque ao “Golden Monkey“, uma escultura inflável de 14 m de altura da artista Lisa Roet, com mensagem ambiental, que será colocada em um prédio da cidade, no meio da “selva de pedras”.

    “Decidi fazer o mico-leão-dourado, um macaco brasileiro, com tecido. Queria que ele realmente parecesse frágil e perdido, para dar a sensação de ‘estou procurando meu espaço, minha familia’ e estar no prédio é importante porque são essas estruturas que nos separam de quem está nos procurando. A ideia é dar essa sensação de procurar quem somos”, conta Roet.

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    Mico-leão-dourado faz parte de um projeto beneficente que nasceu na Austrália | Foto: Divulgação

    “Esse é um projeto, desenvolvido na Austrália, que tem como objetivo procriar esses primatas e devolvê-los para os seus espaços naturais”, finaliza.

    Da Espanha, o destaque é o artista Alex Pachón, que ficou afastado por um problema na coluna, voltará aos palcos durante o evento brasileiro. Além de apresentar uma performance e ministrar oficinas, ele selecionará dançarinos brasileiros para seu festival internacional em setembro.

    Festival Cidade da Cultura

    Artista volta aos palcos em festival brasileiro | Foto: Divulgação

    Já da Colômbia, chega a artista indígena contemporânea Julieth Morales, que realiza performance na abertura da mostra “Verbo”, na Galeria Vermelho, e expõe na Casa de Cultura do Parque após temporada em Inhotim, em Minas Gerais. A peruana Issa Watanabe também integra a programação com sua arte visual.

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    Integrante do povo Misak, a artista visual e professora estreou no Brasil com a mostra “Maxita Yano”, em Inhotim (MG) | Foto: Divulgação

    O evento ainda promove debates e exposições com representantes de Coreia do Sul, Finlândia, Suíça, Hungria, Irlanda, Alemanha, Cuba, Armênia e Itália, com mesas sobre fundos para cultura, literatura internacional e povos originários da Europa e das Américas.

    ‘Arte em Circuito’

    O projeto “Arte em Circuito” convida o público a explorar os espaços de arte da capital por meio de um guia temático que leva os visitantes a galerias, ateliês e coletivos, com direito a visitas guiadas e transporte em vans ou a pé. A proposta é aproximar o público da arte contemporânea com acessibilidade e curadoria.

    Mais de 40 espaços artísticos foram mapeados em diferentes regiões, revelando a diversidade da produção visual paulistana e promovendo conexões diretas entre público, obras e territórios. Os trajetos acontecem durante a semana e aos fins de semana, sempre com entrada gratuita.

    Veja os circuitos confirmados:

    ‘Arena da Palavra’

    O “Arena da Palavra” leva autores a conduzir encontros, debates e oficinas em livrarias, com destaque para a Casa de Cuba — nome adotado especialmente para o evento pela livraria Ponta de Lança — que sediará oficinas de escrita criativa e o lançamento do livro do escritor cubano Leonello Abello Mesa

    A proposta do evento é transformar cada livraria em um clube do livro vivo, mediado por autores que também são leitores apaixonados e que propõem leituras e discussões a partir de títulos escolhidos diretamente das prateleiras.

    Festival Cidade da Cultura

    Livraria Megafauna faz parte do circuito | Foto: Reprodução/livrariamegafauna.com.br/

    “Queremos fazer lançamentos e, ao mesmo tempo, promover o ‘autor-livreiro’, que é um momento onde o escritor fala quais foram suas referências para poder escrever aquela obra. A ideia é que isso faça a divulgação do livro dele e daqueles que o inspiram”, comenta Sollero.

    Para quem quiser se aprofundar nas leituras, os livros indicados pelos autores estarão disponíveis para retirada nas próprias livrarias participantes, além de poderem ser adquiridos online. O festival também vai disponibilizar vouchers digitais, para que o público possa se manter conectado com os debates e fazer parte dos clubes de forma prática.

    ‘Jam Brasil’

    Já o “Jam Brasil”, que acontece entre os dias 8 e 27 de julho, tem a proposta de destacar a potência criativa da cidade, durante o Festival Cidade da Cultura, por meio de 18 shows gratuitos, realizados em 18 espaços diferentes, que vão do jazz sofisticado aos encontros sonoros mais experimentais.

    Para isso, o evento foi estruturado em circuitos temáticos, reunindo bares, casas de show e espaços culturais com forte ligação com a cena musical independente e autoral, como o Barletta, Raiz Club, 321 Club, TonTon Jazz, Miles Wine, Jazz Factory, Bar Baixo Pinheiros, Drosophyla Bar, Wiplash Bar, Galeria Alma da Rua, Véio Cafuzo, Canto Negro e a Casa de Liége.

    ‘Diplomacia Cultural’

    O “Diplomacia Cultural” é uma programação que realiza encontros estratégicos entre o Brasil e outras nações com o objetivo de criar novos canais de financiamento e cooperação internacional no setor cultural.

    Voltada a produtores culturais, gestores e representantes de instituições, a programação será composta por palestras, painéis e agendas fechadas, com foco em políticas públicas, fundos de apoio e modelos de internacionalização de artistas e projetos. O primeiro evento da série está marcado para 21 de julho, no Centro Cultural Coreano, na Avenida Paulista.

    “Queremos construir uma agenda de cooperação duradoura, com base na troca de experiências e na abertura de editais e fundos internacionais ao Brasil”, explica Sollero.

    Além da Coreia do Sul, também participam representantes da Espanha, Suíça, Irlanda e Alemanha, com o intuito de apresentar mecanismos utilizados por esses países para viabilizar intercâmbios culturais, apoiar produções artísticas e fomentar o diálogo entre agentes culturais de diferentes partes do mundo.

    A agenda inclui painéis sobre política cultural e internacionalização, como o que reunirá representantes do Instituto Guimarães Rosa — ligado ao Itamaraty — e dos Institutos Cervantes (Espanha) e Goethe (Alemanha). As conversas também abordarão temas como curadoria internacional, editais multilaterais, residências artísticas e modelos de parceria público-privada no financiamento cultural.

    André Barbeiro jornalista

    André Barbeiro

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    Jornalista com experiência em conteúdo digital e streaming. Trabalhou no Portal R7, em hard news, entretenimento e matérias especiais.