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Última modificação julho 25, 2024

Entrevistamos a Chef Andreia Pimentel

A chef Andreia Pimentel (@chefandreiapimentel), 42 anos, especialista em entomofagia, e uma das defensoras desse hábito alimentar.

Andreia Pimentel

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    Andreia Pimentel

    Entrevistamos a Chef Andreia Pimentel

    Consumir insetos pode soar estranho para os brasileiros, mas é uma realidade em vários locais do mundo. A chef Andreia Pimentel (@chefandreiapimentel), 42 anos, especialista em entomofagia, é uma das defensoras desse hábito alimentar.

    “A entomofagia é o consumo de insetos por seres humanos, praticado em muitos países ao redor do mundo. Os insetos complementam hoje o cardápio de, aproximadamente, 2 bilhões de pessoas e é o único alimento apontado como alimento do futuro na indústria 4.0”, afirma a chef de cozinha, especialista em Comida de Selva pela Universidade San Ignacio de Loyola (Lima) e diplomada pela Le Cordon Bleu (Lima e Paris).

    Para desmistificar o tema e compreender algumas peculiaridades dessa gastronomia, conversamos com a chef Andreia, que é natural de Jundiaí (SP). Confira a seguir a entrevista exclusiva.

    Viva Cidade News (VCN) – No Brasil, como é o consumo de insetos por seres humanos?
    Chef Andreia Pimentel (CAP) –
     No Brasil, observa-se que a tradição do consumo de insetos tem se mantido em muitas comunidades rurais brasileiras. Mas a popularização desse alimento nos grandes centros urbanos encontra forte obstáculo. Além de preconceito, há também por parte dos brasileiros aversão a comer insetos. Estudando o mercado nacional para indústria 4.0, a forma mais assertiva são as farinhas proteicas… existe um mercado aquecido para produção de farinhas de inseto, para produção de ração animal.

    VCN – Existe alguma legislação vigente no Brasil sobre o tema?
    CAP –
     O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) ainda não têm regulamentações para criação, venda e processamento dos insetos comestíveis, o que atrapalha a disseminação do hábito. Ele está liberado apenas como alimento novo e pode ser usado como produto artesanal na alimentação humana.

    VCN – No exterior, os insetos consumidos são capturados da natureza ou há criações específicas?
    CAP –
     São criados em fazendas urbanas com controle e cuidados diários de higiene, temperatura e alimentação.

    VCN – De modo geral, quais são os benefícios do consumo de insetos?
    CAP – 
    O uso de insetos como alimento conferem muitos benefícios. Saúde: com alto poder nutritivo, os insetos são ricos em proteínas e gorduras boas, além de cálcio, ferro e zinco. Sustentabilidade: as criações de insetos emitem menos gases de efeito estufa, que as de outros animais. Além disso, necessitam de quatro vezes menos insumos que as criações de gado… Fatores econômicos e sociais: a criação de insetos é uma opção que requer baixo investimento em capital e tecnologia, é uma alternativa viável em setores mais carentes da sociedade.

    VCN – Como surgiu o seu interesse pelos insetos na gastronomia?
    CAP –
     Fui criada em uma reserva de serras, desde a infância tive contato e gostava muito de insetos, répteis e anfíbios, quando viajei para estudar no exterior em 2003, pela primeira vez, via a opção de snacks de grilo e fui em busca de informações sobre o assunto. Então, me apaixonei pela entomofagia.

    VCN – Quais insetos podem ser consumidos e quais cuidados são necessários no preparo do prato?
    CAP – 
    Segundo a FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura), entre os insetos que são consumidos estão: besouros, borboletas, abelhas, vespas, formigas, gafanhotos… O principal detalhe ao preparar são três dias de jejum, antes do abate, para o inseto estar sem resíduo interno e (facilitar) a higienização.

    VCN – Quem deseja experimentar o prato com insetos, qual sua sugestão?
    CAP –
     Para os brasileiros indico as formigas içá e a saúva vermelha.

    VCN – Na sua rotina alimentar, a senhora consome pratos com insetos?
    CAP –
     Sim, como farinha de insetos torrada, todos os dias, como complemento alimentar pós-treino.

    VCN – Além das suas palestras sobre esse tema, é possível contratá-la para preparar um menu com insetos?
    CAP –
     Sim, realizei vários eventos nacionais e internacionais sobre o assunto com degustação. No Brasil, fui a principal palestrante do Mesa Tendências em São Paulo, principal evento do setor.

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