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Última modificação novembro 14, 2025

Hamlet e Ofélia ganham vozes negras

“Black Machine” propõe um encontro entre Hamlet e Ofélia encarnados em corpos pretos no século 21

Hamlet e Ofélia Foto: Sérgio Silva

Informações

  • Data de inicio e término

    20/11/2025 até 14/12/2025

  • Dias da semana e horários

    De quinta a sábado, às 20h | Domingos e feriados, às 19h

  • Endereço

    Av. Paulista, 149 - Bela Vista

    Ver no mapa

Mais detalhes

O espetáculo “Black Machine” chega ao Itaú Cultural no Dia da Consciência Negra. Buscando discutir o legado de Hamlet, de William Shakespeare, e sua influência até os dias de hoje, a obra propõe um encontro do personagem do dramaturgo inglês com a Ofélia de Heiner Müller, da obra “Hamlet Machine” (1972).

Com dramaturgia de Dione Carlos e concepção de Fernando Lufer e Eugênio Lima, o trabalho é dividido em duas partes. A proposta é promover um embate radical entre esses dois grandes cânones do teatro ocidental, confrontando temas como gênero, raça, necropolítica, masculinidade, dor e desejo.

Para garantir o caráter atemporal da obra, os dois personagens centrais são apresentados em chave pós-colonial. Enquanto Hamlet é atravessado por vozes como Frantz Fanon, Jean-Michel Basquiat, Aimé Césaire e Mano Brown, Ofélia é inspirada por referências como Lélia Gonzalez, Sueli Carneiro e Erykah Badu.

Durante a encenação, que transita entre delírio, manifesto e performance, Ofélia desafia Hamlet a assumir outro papel.

“Pensamos nisso porque há 400 anos ele só fala dele mesmo. Nesse ponto da narrativa, Fanon ganha mais destaque, desdizendo tudo o que foi dito antes”, explica Lima.

Por apresentar ao público um embate que atravessa eras, o diretor Eugênio Lima define a peça como um experimento polifônico. Em meio a provocações filosóficas e referências políticas, os personagens expõem as ruínas do patriarcado enquanto constroem suas identidades.

Para os realizadores, a questão central é: será que todo mundo pode realmente se identificar com o dilema existencialista de Hamlet sobre a dor de estar vivo?

“Fato é que a população negra nem sempre é vista como ‘ser’ e, talvez, tudo que a gente mais queira seja poder não ser mesmo. Assim, abre-se um mundo de possibilidades. Não queremos nos limitar: por que uma mulher branca pode dizer que é apenas uma mulher e uma mulher negra sempre deve se definir como mulher negra? Da mesma forma, não quero fazer teatro negro, quero fazer teatro. O que quero? Parafraseando Sueli Carneiro, quero ser negro, sem ser somente negro, e tornar-me um ser humano pleno de possibilidades e oportunidades”, defende Eugênio.

A montagem segue uma estética de audiovisual expandido, com música constante e videografia projetada em três telas, em diálogo direto com as dramaturgias sonora e textual. Em cena, Fernando Lufer e Marina Esteves performam seus textos flertando com a linguagem do spoken word em diversos momentos.

  • Acessível para cadeirantes
  • Gratuito
  • Maiores de 12 anos

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