Peça “Prata da Casa” leva o samba ao Teatro

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O Centro Cultural São Paulo recebe a estreia de “Prata da Casa”, monólogo dirigido por Victor Mendes e idealizado e interpretado por Felipe Frazão. Em cartaz no Espaço Cênico Ademar Guerra, a peça apresenta Tatá, um zelador-porteiro cuja vida se entrelaça com a cultura do samba e que convida o público a refletir sobre os desafios e as belezas do cotidiano.

A criação do espetáculo partiu do desejo de Frazão de dar visibilidade a figuras comuns, como a de um porteiro, explorando sua humanidade e fugindo de estereótipos. O personagem nasceu em uma residência artística e encontrou eco imediato no olhar de Victor Mendes, cuja trajetória é marcada por trabalhos ligados ao universo do samba.

Além da direção, Mendes assina a dramaturgia e define o projeto como um marco em sua carreira. Conhecido por colaborações com artistas como Gero Camilo e Carla Candiotto, e vencedor do Prêmio APCA por “A História Sem Fim”, ele aposta em uma encenação de simplicidade e identificação direta com o público.

Em “Prata da Casa”, o samba é tratado não apenas como tema, mas como território de pertencimento do protagonista. Tatá, que “nasceu” em uma escola de samba, reconhece os gestos, as gírias e os rostos desse espaço, que se mistura à sua rotina de trabalho.

A narrativa também costura sua relação com o pai e aborda questões atuais como o desemprego tecnológico, em contraponto ao valor da tradição e da herança de saberes cotidianos.

Um dos símbolos mais marcantes da montagem é um violão cenográfico atravessado por balas, metáfora inspirada em uma experiência pessoal de Frazão e em histórias reais de violência. O objeto funciona como imagem de luto e resistência, permitindo que a encenação transite entre o épico e o dramático.

“Construímos Tatá com fortes pontos de identificação para que o espectador possa se envolver com sua história e torcer por ele, mesmo que isso soe clichê”, afirma Victor Mendes, ressaltando o desejo de alcançar diferentes públicos com a obra.