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Última modificação julho 25, 2025

Festival Sesc de circo reúne artistas de 21 países

Há picadeiro em São Paulo: durante 17 dias, cidade recebe espetáculos, oficinas, intervenções e debates

Palhaços Sem Fronteiras é um dos 40 espetáculos do Festival Internacional de Circo do Sesc

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    A partir de 8 de agosto, unidades do Sesc e pontos tradicionais da cidade de São Paulo serão literalmente invadidos por palhaços, malabaristas, acrobatas, mágicos, ilusionistas e centenas de outros artistas circenses que se apresentam na oitava edição do “Circos – Festival Internacional Sesc de Circo“.

    Para oferecer ao público diferentes propostas de linguagens, temáticas e origem dos artistas, serão 40 espetáculos de 21 países e de nove estados brasileiros, além de uma série de outras atividades, tais como oficinas, debates e exposições.

    Ao todo serão 92 sessões de espetáculos, sendo mais de um terço delas, 32, de graça. Os ingressos para as sessões pagas já estão disponíveis e podem ser comprados no site do evento. As atividades em locais públicos têm entrada livre.

    Entre os espaços públicos que serão palco das atrações estão:

    • Bulevar do Rádio, na avenida Paulista;
    • Centro de Memória do Circo, na avenida São João;
    • Parque da Independência, no complexo do Museu do Ipiranga;
    • Praça da Sé;
    • Futuro Sesc Galeria, defronte ao Theatro Municipal.

    Assim como ocorreu na última edição, em 2023, um dos focos do “Circos” é desmistificar a ideia de que o circo é uma atividade cultural destinada apenas para crianças, segundo Marina Zan, da equipe da Gerência de Ação Cultural do Sesc São Paulo e uma das coordenadoras do time de curadoras do festival ao lado de Natalie Ferraz Kaminski.

    “Reforçamos o trabalho na formação de público adulto para circo”, afirma Marina.

    Moya, do Zip Zap Circus, é um dos representante do continente africano | Foto: Divulgação

    Outro enfoque delas foi trabalhar a diversidade técnica, que se traduz já no espetáculo de abertura, “Moya“, que ocorre no dia 8, às 20h, no Sesc Vila Mariana.

    Na montagem do Zip Zap Circus, da África do Sul, a música é executada ao vivo, e os artistas apresentam diversas acrobacias individuais e em grupo, com espaço ainda para malabarismo, aéreos, tecido, trapézio e danças típicas sul-africanas, tais como o gumboot e pantsula.

    Diversidade de origens

    A ideia de abrir o evento com um grupo desse continente repete a sétima edição, de 2023, que trouxe ao Brasil, pela primeira vez, artistas africanos para o “Circos”.

    Naquela oportunidade, quem abriu a mostra foi o Circus Baobab, da Guiné, que também estará presente neste ano.

    Além de maior presença dos africanos, a edição de 2025 tem outra novidade: a Gira Latina, uma série de 11 solos de grupos latino-americanos, composta por artistas do Brasil, Argentina, Colômbia e do México.

    “São trabalhos experimentais que dialogam com outras artes”, diz Natalie, da curadoria do festival.

    Uma dessas montagens é “Velar La Noche“, que traz a argentina Sofia Galliano em movimentos de trapézio e suspensão capilar (sim, ela fica pendurada só pelos cabelos).

    A artista argentina Sofia Galliano, no espetáculo “Velar La Noche” | Foto: Divulgação

    Embora a tentativa da curadoria fosse a de reforçar a não hegemonia, percebe-se na programação uma predominância de países europeus, já que quase metade das 40 montagens contam com artistas de lugares como Espanha, Suíça, França, Bélgica, Portugal e Grécia.

    A preocupação com a representatividade também se reflete na seleção dos espetáculos nacionais. Prova disso é a presença da Trupe Circus, de Pernambuco, que leva ao palco do Sesc Bom Retiro, nos dias 12 e 13 de agosto, o espetáculo “Circo Science – Do Mangue ao Picadeiro“, em homenagem ao cantor e compositor Chico Science.

    Idosos em cena

    A diversidade não se restringe apenas a técnicas ou origem dos artistas, mas está na abordagem de questões como arte em espaço de vulnerabilidade, como é o caso do braço brasileiro do Palhaço Sem Fronteiras, que traz o espetáculo “Memorável-Histórias Notáveis” para o festival.

    Originalmente criado em 1993 pelo artista catalão Tortell Poltrona, o Palhaços Sem Fronteiras leva palhaçaria e números circenses para ambientes instáveis, como acampamento de refugiados, lugares que sofrem com exclusão social e desastres ecológicos ou que foram palco de guerras.

    Outra vertente é um tributo à trajetória feminina nas artes do circo, representada pela montagem “Mina – Corpo Multidão“, que reúne no palco 37 artistas não binárias.

    Em “Glorious Bodies”, da trupe belga Circumstances, estão em cena seis acrobatas idosos | Foto: Divulgação

    Assim como a Parada LGBT+ deste ano, que teve como foco a população 60+, o “Circos” também dá visibilidade ao envelhecimento.

    São quatro espetáculos que reúnem artistas idosos, entre eles “Glorious Bodies“, da trupe belga Circumstances. Os seis acrobatas idosos apresentam movimentos em solo, de ancoragem uns sobre os outros e, ainda, saltos.

    Eles se apresentam nos dias 15 e 16 de agosto, no palco do teatro Anchieta, no Sesc Consolação.

    Circo até em árvore

    A ocupação do espaço público é uma das conhecidas características do “Festival Internacional Sesc de Circo”. A programação prevê intervenções na avenida Paulista, como é o caso do Grupo Esparrama, que apresentará a montagem “Cidade Brinquedo“, nos dias 9 e 10.

    Outra trupe que deve chamar a atenção na mesma via da cidade é a Caravana Gigantes Sonhadores, no dia 17. Na apresentação, os artistas fazem performances sobre pernas de pau, vestindo enormes fantasias.

    Também se destaca na programação o Panorama Kino Theatre, da Suíça, que propõe uma experiência imersiva para o público.

    Ao entrar na estrutura, em formato de um pequeno cinema, o público verá as ações externas enquanto a estrutura gira. O Kino Theatre estará em três pontos do festival: na Praça da Sé, em Interlagos (praça Pau-Brasil) e no Parque da Independência, no Ipiranga.

    Odacy Oliveira, no espetáculo “Salto no Vazio” | Foto: Divulgação

    Atravessar o futuro Sesc Galeria (no antigo prédio do Mappin, na Praça Ramos) até o Theatro Municipal por meio de uma corda suspensa é a performance da artista Jessica Lane, com o espetáculo “Ponto de Partida – Travessia“.

    Outra atração inusitada é a do artista indígena Odacy Oliveira, de Manaus, que apresentará a sua acrobacia “Salto no Vazio“, em que fica preso pelos pés a uma árvore, com sessões em dois endereços: próximo ao Theatro Municipal e nos arredores do Sesc Vila Mariana.

    O encerramento do “Circos” será em grande estilo, com a apresentação do Coletivo XY, trupe que é referência mundial em acrobacias de grupo e uma das mais renomadas da França.

    A apresentação da montagem “Les Voyages” tem entrada gratuita, no Parque da Independência, e integra a “Temporada França-Brasil 2025”, uma parceria entre os dois países, que prevê 300 apresentações, em diversos formatos.

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    Clayton Freitas

    2 publicações

    Jornalista com experiência em diversos veículos de comunicação, como Estadão, Folha e VejaSP. Atuou em comunicação institucional e agências.