Ópera “Cinderela” tem estreia no Dia das Crianças

Espetáculo no Theatro São Pedro traz artistas negros entre os personagens principais.

Cinderela Foto: Heloísa Bortz

Dados do estabelecimento

  • Data de inicio e término

    12 out até 20 out

  • Dias da semana e horários

    Sábado, às 11h | Domingo, às 17h

  • Endereço

    R. Barra Funda, 171 - Barra Funda

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Mais detalhes

“Cinderela”, um dos contos de fadas mais conhecidos do planeta tem apresentação em formato de ópera no Theatro São Pedro, instituição da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo, gerido pela Santa Marcelina Cultura. O espetáculo, de Pauline Viardot (1821-1910), traz a adaptação de uma história que atravessa culturas e segue como fonte de inspiração universal para todas as gerações.

Com uma hora e quinze minutos de duração e dividida em três atos, a ópera tem libreto da própria compositora e é realizada em português, com versão de André Dos Santos, orquestração de Juliana Ripke e um elenco de sete cantores. A montagem conta com a direção musical de Fabrícia Medeiros e concepção cênica de Julianna Santos, que destaca o caráter atemporal do clássico.

“É um tipo de literatura que pode ser infinitamente atualizado, e o mais interessante é essa mobilidade que os contos de fadas trazem. Por isso, eles ainda são tão próximos da gente, tão vivos” avalia Julianna Santos.

“A Cinderela tem seus desejos e vontades, e a gente talvez se identifique com os desejos mais íntimos da personagem. É muito interessante quando ela e o príncipe se identificam com os mesmos desejos, o mesmo senso de ter liberdade para ser o que você quer, agir como você quer agir, escolher o que você quer escolher. E o mais bonito é ver essa beleza que existe, essa beleza na simplicidade”, conclui.

Representatividade e processo criativo 

Além de apresentar um enredo que oferece encantamento, entretenimento e identificação emocional para as pessoas ao longo do tempo, a montagem promovida pela Santa Marcelina Cultura tem um compromisso com a representatividade, conectando fantasia e realidade em um espetáculo protagonizado por pessoas negras: na ópera, a soprano Marly Montoni será Cinderela e os tenores Jean William e Mar Oliveira viverão o Conde e o Príncipe, respectivamente.

“É muito especial ter esse protagonismo, isso faz toda a diferença e gera uma representatividade incrível para crianças e jovens pretos. É claro que a história ainda bebe na cultura ocidental de ser, mas já é um bom começo. E quem sabe um dia estaremos a contar, em ópera, histórias de príncipes e rainhas africanos?”, ressalta Mar Oliveira.

No papel de Cinderela, Marly Montoni salienta a preferência por construir a personagem através do domínio da música, no processo de preparação para uma ópera. “Sempre busco encontrar alguma similaridade com minha personalidade para que a personagem possa ser mais real possível. Sobra a montagem, sinto que há o compromisso com a representatividade, já que os personagens principais são afro-brasileiros. Será muito gratificante ver as meninas afrodescendentes podendo sonhar em ser princesas”, observa Montoni.

Adaptação de Pauline Viardot 

A versão de “Cinderela” que vai ao palco do Theatro São Pedro foi composta pela francesa Pauline Viardot e estreou em Paris em 1904, permanecendo relativamente fiel ao conto de fadas de Charles Perrault, que inspirou a obra.

Nascida em uma família em que tudo girava em torno da música, Pauline começou a compor ainda menina e teve aulas de canto com os pais, harmonia e contraponto com Anton Reicha, porém seu principal interesse era o piano – inclusive foi aluna de Franz Liszt, que declarou, a respeito de Viardot, que “o mundo finalmente tinha encontrado uma mulher compositora de gênio”.

No entanto, após o falecimento da irmã – Maria Malibran (1808-1836), grande diva da ópera no século 19 -, Pauline optou por mudar de rumo e se profissionalizou como cantora. Seus maiores sucessos foram em papéis dramáticos, como Fidès em “Le Prophète”, de Meyerbeer (que foi escrito para ela), e Rachel em “La Juive”, de Halévy. Além disso, Viardot interpretou o papel-título da ópera “Orfeu e Eurídice”, de Gluck, e cantou por diversas temporadas na ópera de São Petersburgo, na Rússia.

Paralelamente à sua carreira musical, Pauline se casou com Louis Viardot e estabeleceu um círculo social que incluía importantes figuras culturais da época, como Frédéric Chopin, George Sand, Hector Berlioz, Clara Schumann, Ivan Turgenev, Johannes Brahms, entre outras personalidades artísticas que lhe dedicaram obras musicais e literárias.

Além de dezenas de canções, obras de câmara para violino e piano e arranjos vocais para peças instrumentais de Chopin, Brahms, Haydn e Schubert, Viardot compôs cinco óperas de salão, sendo “Cinderela” a última dessas operetas.

Com danças e canções alegres, a obra está repleta de valsas, mazurcas e polcas. E como uma ópera cômica, mistura canto e diálogos falados, sem fugir das típicas rimas fáceis e irônicas, quase sempre destacadas ritmicamente.

Apresentação no Dia das Crianças

Dedicada ao público infantojuvenil, a montagem de “Cinderela” traz uma história de conto de fadas clássica que é amada por crianças e adultos. Além de envolver elementos de magia, romance e transformação, especialmente cativantes ao público jovem, a ópera é apresentada em português, tornando o espetáculo ainda mais acessível para estimular a imaginação das crianças e promover a apreciação das artes cênicas e da ópera.

“Cinderela” traz Giorgia Massetani na cenografia; Fábio Retti na iluminação; Fábio Namatame no figurino e Tiça Camargo no visagismo. Integram o elenco Johnny França (Barão de Pictordu), Fernanda Nagashima (Amelinde), Daiane Scales (Maguelone) e Maria Sole Gallevi (Fada).

Transmissão ao vivo 

A récita de 19 de outubro, sábado, às 17h, será transmitida ao vivo gratuitamente pelo canal de YouTube do Theatro São Pedro.

Entrada: de R$ 40,00 a R$ 120,00

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  • Livre para todas idades

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