Museu do Livro Esquecido é inaugurado na Sé
Museu exibe exposições e um acervo com cerca de três mil itens antigos e novos.
Informações
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Dias da semana e horários
Sábado e domingo, das 10h às 17h
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Mais detalhes
Localizado na região da Sé, a apenas 5 minutos a pé do metrô Japão-Liberdade, o Museu do Livro esquecido foi inaugurado em 17 de agosto de 2024. O projeto iniciou-se em 2021 tendo em vista desde o início o estabelecimento na residência construída por Felisberto Ranzini (1881-1976).
Já o projeto de restauro da residência foi simultâneo à elaboração das diretrizes do Museu. Uma das diretrizes fundamentais é mostrar a casa em transformação, isto é, com o restauro ainda incompleto. Essa ideia estende-se para a expografia, que, com data de abertura e fechamento, poderá sofrer acréscimos enquanto acontece.
Assim, toda visita terá algo diferente para o interessado e a assepsia contemporânea, em que as coisas são fechadas a todo momento para refazer a pintura e para quebrar pedra sobre pedra será questionada, propondo a visualização pelo visitante das marcas que a passagem do tempo deixa no museu e nos livros, o que não se opõe à justa conservação.
A relação com a passagem do tempo e a finitude é o cerne da concepção desse museu voltado à história do livro.
A Casa
A casa onde se encontra o Museu foi construída em 1924 para residência própria pelo arquiteto Felisberto Ranzini e se filia ao estilo eclético, mais especificamente, ao ecletismo florentino. Destaca-se na casa entre outras coisas, a farta ornamentação da fachada frontal, bem como a presença de inúmeros elementos renascentistas, como as ameias, que lembras castelos.
Além disso, no quintal da casa há uma placa que indica provavelmente o local da antiga bica de Santa Luzia, que era uma das fontes de abastecimento para a população até 1919, quando foi fechada devido à insalubridade da água. Nessa fonte, ocorreu um inusitado episódio histórico envolvendo Maria Domitila de Castro, a futura marquesa de Santos e o seu esposo, o alferes Felício Pinto Mendonça, que, com ciúmes, esfaqueou Maria Domitila, na época, grávida. Essa é uma das histórias contadas nas faixas de audioguia do Museu.
O neto do arquiteto morou na residência até 2006, quando vendeu a propriedade para um grupo de sócios que a tornou em centro cultural esporádico, conhecido como Casa Ranzini, focado em história da arquitetura, promovendo oficinas e exposições de arte e fotografia. Em 2021, ela foi adquirida pelo atual grupo de sócios com o projeto do Museu do Livro Esquecido inserido na ideia de restauração.
Planejamento
O Museu do Livro Esquecido está constituído como empresa pelos seus sócios, a fim de garantir a longo prazo a sustentabilidade de suas atividades. Para isso, diversas fontes de receita serão estabelecidas, como a locação do espaço para produções audiovisuais, a venda de materiais de papelaria e as atividades de restauro e encadernação de livros no porão da residência.
Acervo
O acervo do Museu apresenta duas facetas principais: o acervo acadêmico, relacionado à história do livro e da tipografia, e o acervo de primeiras edições e livros raros, concentrados sobretudo no campo da literatura clássica, brasileira e estrangeira, e de livros importantes para a história da tipografia. O acervo conta atualmente com cerca três mil exemplares, entre exemplares antigos e novos. O acesso ao acervo será por meio da solicitação de consulta. Enquanto o catálogo não é finalizado, o visitante poderá descrever o que está pesquisando e o Museu selecionará obras pertinentes àquela pesquisa.
Outras atividades
Com o tempo, a casa pretende estabelecer uma atividade editorial e publicar fac-símiles de obras raras do acervo, além de obras relacionadas à bibliofilia e à história do livro. Outra das atividades para o futuro do Museu do Livro Esquecido é o estabelecimento do laboratório de restauro e encadernação que prestará serviços ao próprio acervo do museu, como aos interessados em contratar os serviços. Por fim, será estabelecido um clube de apoiadores do museu que poderão usufruir com mais liberdade de seu acervo e espaço.
Exposição “A Solidão e a Escrita”
A primeira exposição do Museu do Livro Esquecido, que está em cartaz do dia 17 de agosto de 2024 ao dia 23 de fevereiro de 2025, aborda a escrita como uma das possiblidades de se lidar com a solidão. Para isso, foram selecionadas três escritoras pioneiras que, em contextos diferentes, tomaram atitudes pouco convencionais e podem apontar caminhos para as pequenas decisões que tomamos no cotidiano.
As escritoras escolhidas são Carolina Maria de Jesus (1914 – 1977), autora de “Quarto de Despejo”; Teresa Margarida da Silva e Orta (1711 – 1793), a primeira escritora de um romance em língua portuguesa, e Christine de Pizan (1364 – 1431), primeira escritora que sobreviveu a partir da venda dos próprios escritos. A exposição conta com faixas de audioguia e visitas guiadas. As faixas de audioguia aprofundam pontos específicos e as visitas guiadas são focadas na exposição em cartaz.
Dados de contato
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Telefone
(11) 91853-6231
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